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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

KARMA - Causa e Efeito



CONCEITO

Carma ou karma (do sânscrito कर्म, transl. Karmam, e em pali, Kamma, "ação") é um termo de uso religioso dentro das doutrinas budista, hinduísta e jainista, adotado posteriormente também pela Teosofia, pelo espiritismo e por um subgrupo significativo do movimento New Age, para expressar um conjunto de ações dos homens e suas consequências.

Budismo:
No budismo, Kamma ou Karma é a palavra para "ato" ou "ação", e nesse sentido usa-se a palavra em textos mais antigos para ilustrar a importância de desenvolver atitudes e intenções corretas. Considera-se que por gerar carma os seres encontram-se presos ao samsara (roda das reencarnações), e portanto, a última meta da prática budista é extinguir o carma.


Esoterismo:
Alguns movimentos esotéricos costumam falar em karma no sentido de "conjunto de deméritos acumulados" e em dharma como "conjunto de méritos acumulados" (portanto o contrário de karma). Essa terminologia não é consistente com o uso tradicional das religiões orientais, principalmente porque Dharma significa ensinamento ou verdade em vez de mérito ou virtude. Outros adotam um conceito semelhante ao do Espiritismo.

Espiritismo:
Na visão espírita, cada ser humano é um espírito imortal encarnado que herda as consequências boas ou más de suas encarnações anteriores. Embora Allan Kardec não tenha usado em momento algum a palavra "karma" ou qualquer de suas variações, esta veio a ser mais tarde incorporada ao jargão espírita por alguns espíritas, para designar o nível de evolução espiritual de cada indivíduo, ao qual se devem as circunstâncias favoráveis ou desfavoráveis que venha a encontrar.

No entanto, para explicar isto o espiritismo apresenta um conceito mais abrangente: a Lei de Causa e Efeito. Enquanto que normalmente o conceito de karma sugere uma dívida a ser resgatada, a lei de causa e efeito nos apresenta a ideia de que o futuro depende das ações e decisões do presente. Uma causa positiva gera uma efeito positivo, enquanto que uma causa negativa gera um efeito igualmente negativo.


DETERMINISMO x LIVRE-ARBÍTRIO

Baseado na obra de Carlos Toledo Rizzini
Evolução para o Terceiro Milênio.


DETERMINISMO:

É a doutrina que afirma serem todos os acontecimentos – inclusive vontades e escolhas humanas – causados por acontecimentos anteriores. Segue-se que o ser humano seria destituído de liberdade de decidir e de influir nos fenômenos em que toma parte. O indivíduo faz exatamente aquilo que tinha de fazer e não poderia fazer outra coisa: a determinação de seus atos pertence à força de outras causas, externas e internas.

É a principal base do conhecimento científico da Natureza, porque afirma a existência de relações fixas e necessárias entre os seres e fenômenos naturais: O que acontece não poderia deixar de acontecer porque está ligado a causas anteriores. A chuva e o raio não surgem por acaso; a semente não germina sem razão.

Há sempre acontecimentos prévios que preparam outros: Chove porque houve primeiro a evaporação, depois a condensação do vapor e assim por diante. O mundo físico e biológico são, pois, regidos pelo Determinismo, principalmente no nível macroscópico. No nível mental, também, os pensamentos estão relacionados aos impulsos; traços de caráter e experiências caracterizam a personalidade.

LIVRE-ARBÍTRIO:

Doutrina oposta ao Determinismo (fatalismo, Destino), que declara a vontade humana livre para tomar decisões e determinar suas ações. Diante de várias opções oferecidas por uma situação real, o homem poderia escolher uma racionalmente e agir livremente de acordo com a escolha feita (ou não agir se quisesse). Exige, portanto, capacidade de discernir e liberdade interior.

O animal e o selvagem veem as coisas em função de sua utilidade imediata, procurando sempre satisfazer seus instintos e impulsos primários; uma fruta será comida para saciar a fome. O civilizado poderá ter múltiplas escolhas para a fruta, comer, examinar microscopicamente, usar para a medicina, fazer doce, reaproveitar a casca ou a semente, etc, pois percebe-a sob múltiplos aspectos.

Pode-se, quando mais esclarecido, tomar a decisão de que caminho seguir.

Mas as condições mentais de um indivíduo lhes impõem limitações em seu livre arbítrio: impulsos, hábitos, vícios, inércia, modismo, etc, tolhem e diminuem a liberdade de um indivíduo. Mas não chegam a cassá-la totalmente nem eliminam as responsabilidades pelo seus atos.

Conclusão:

O aspecto essencial é saber se o indivíduo, ao praticar a ação, era livre ou não para praticá-la.

Para abortar tal questão, faremos, observar que ninguém parece se conduzir como um autômato e as atividades usuais desempenhadas pelas pessoas levam a pressupor a existência de vontade própria. Eles estudam, compram, discutem, vão à igreja, respeitam ou desrespeitam as leis, constroem casas, pontes, etc.

A ciência nos responde com provas, fornecendo elementos sugestivos. Na verdade, o determinismo férreo do mundo inanimado vigora para os grandes corpos considerados em pequeno número: Passagem de um cometa daqui a 100 anos, eclipses, previsão de movimentos celestes, daí o sucesso das leis de Newton.

Porém essa mesma precisão não funciona com corpos mínimos e em grande número, tal é o caso das partículas elementares da matéria; entra em jogo a probabilidade, isto é, leis estatísticas. De fato, as partículas subatômicas, como os elétrons, não admitem previsão exata como aceitam os sistemas planetários e outros corpos celestes.

Os corpos minúsculos possuem um comportamento imprevisível. Não é possível estabelecer a velocidade e a posição destas minúsculas partículas. Também a radioatividade ou desintegração espontânea do rádio (metal) mostra isso.

Uma quantidade qualquer de rádio leva de 1590 anos para reduzir-se pela metade sozinha, é a vida média. Isto é calculável com exatidão, mas quando um átomo se desintegrará ninguém consegue determinar, pode se desfragmentar daqui a um segundo, horas, dias como daqui a 1000 anos. Tudo acontece como se ele tivesse a liberdade para decidir o momento de sua desintegração.

Entre os seres vivos, os genes exibem um comportamento semelhante. Genes são grandes moléculas de ácido nucleico encarregadas da transmissão de características de um organismo para os que descendem dele. De suas combinações e alterações surgem as modificações observadas nas plantas e animais. O fato importante aqui é que essas alterações, ditas mutações, não se pode antecipar; elas surgem de modo descontínuo.

Estes dados experimentais dão novo aspecto ao problema do livre arbítrio.

No mundo mental, a consciência, o raciocínio ou faculdade de conhecer-se a si mesmo tem um desempenho imprevisível, porém varia em grau de maior ou menor escala em cada indivíduo.

No reino animal e humano inferior prevalece o DETERMINISMO; o instinto segue a natureza com alternativas fatalistas. Uma armadilha para pegar leões pegará todos os leões, uma ratoeira pegará todos os ratos. Ninguém pode impedir a neve de cair, a chuva, o vento.

O livre arbítrio é progressivo, surge com a razão que vai desenvolvendo a capacidade de discernir o que é certo e o que é errado.

Parece ser claro que o LIVRE-ARBÍTRIO é uma conquista evolutiva; com ele desponta um fator essencial: a responsabilidade, que gera consequências pelos atos praticados.



Revista "REFORMADOR" Nº2.100 - Março/2004
"A liberdade de que gozam os habitantes terrestres não é, nem poderia ser, de caráter absoluto, diante da condição do nosso mundo de expiações e provas.

Da liberdade plena só gozam, por conquista, os Espírito puros, aqueles que chegaram ao ápice da escala evolutiva e que se colocam a serviço do Criador, a Inteligência Suprema. Jesus é o exemplo e o modelo para a Humanidade terrestre".


O CONSOLADOR - Francisco Cândido Xavier - EMMANUEL:

"Determinismo e livre-arbítrio coexistem na vida, entrosando-se na estrada dos destinos, para a elevação e redenção dos homens".

LIVROS DOS ESPIRITOS - Allan Kardec:

“A fatalidade existe unicamente pela escolha que o Espírito fez, ao encarnar, desta ou daquela prova para sofrer. Escolhendo-a, institui para si uma espécie de destino, que é a consequência mesma da posição em que vem a achar-se colocado. Falo das provas físicas, pois, pelo que toca às provas morais e às tentações, o Espírito, conservando o livre-arbítrio quanto ao bem e ao mal, é sempre senhor de ceder ou de resistir. Ao vê-lo fraquejar, um bom Espírito pode vir-lhe em auxílio, mas não pode influir sobre ele de maneira a dominar-lhe a vontade. Um Espírito mau, isto é, inferior, mostrando-lhe, exagerando aos seus olhos um perigo físico, o poderá abalar e amedrontar. Nem por isso, entretanto, a vontade do Espírito encarnado deixa de se conservar livre de quaisquer peias (embaraço, impedimento, obstáculo)”.

AÇÃO E REAÇÃO - Espírito André Luiz - página 92

"Mesmo nas piores posições expiatórias, a consciência goza dos direitos inerentes ao livre arbítrio. Imaginemos um delinquente monstruoso, segregado na penitenciária. Acusado de vários crimes, permanece privado de toda e qualquer liberdade na enxovia comum.

Ainda assim, na hipótese de aproveitar o tempo no cárcere, para servir espontaneamente à ordem e ao bem-estar das autoridades e dos companheiros, acatando com humildade e respeito as disposições da lei que o corrige, atitude essa que resulta de seu livre arbítrio (MORAL) para ajudar ou desajudar a si mesmo, a breve tempo esse prisioneiro começa por atrair a simpatia daqueles que o cercam, avançando com segurança para a recuperação de si mesmo".



VÁRIOS ÂNGULOS DO CARMA (KARMA)
Entrevista: Hernani Guimarães Andrade
Texto integral da Revista Planeta - Especial: Carma - março de 1990

1 - Como o senhor interpreta o carma (Karma)?

Acerca do carma (Karma), minha interpretação mantém-se de acordo com as doutrinas orientais, particularmente o budismo. Traduzido literalmente, carma (Karma) significa ação, uma ação continuada, uma espécie de encadeamento de causas e efeitos.

Conforme ensina Alexandra David-Neel em sua obra Le Bouddhisme, Ses Doctrines et Ses Méthodes, o budismo encarregou-se de popularizar o ensino da lei do carma (Karma), proclamando: "Ye dharmâ hetu prabhavâ", isto é, "todas as coisas provêm de uma causa".

O carma (Karma) está vinculado ao processo reencarnatório. É a sucessão das vidas que produz o encadeamento de causas e efeitos característicos da vivência ordinária. Assim, cada existência será mais ou menos feliz, mais ou menos desgraçada, em função dos atos que praticamos em vidas anteriores.

Entretanto, não se trata, propriamente, de uma espécie de "pena de talião", tipo "olho por olho, dente por dente". Muitas pessoas têm esta falsa interpretação acerca do carma (Karma); pensam assim: "Se eu mato, roubo ou injurio alguém nesta minha existência, na próxima encarnação serei assassinado, roubado ou injuriado da mesma forma."

O carma (Karma) não é nada disso, absolutamente. Sem ser direta e especificamente punido em função de cada falta praticada, o malfeitor nem por isso deixará de expiar carmicamente os erros e crueldades cometidos. Mas ele o fará sem aquele aspecto de vingança que teria uma sanção imediata prescrita pela "pena de talião". Há um provérbio que dá uma ideia aproximada do que seja o carma (Karma):

"Eu seria totalmente livre hoje, se não houvesse cometido a falta de ontem; a falta de hoje será a corrente que me prenderá amanhã."


2 - Existe conotação negativa ou positiva no carma (Karma)?

Entendendo-se o vocábulo conotação no sentido da "relação que se nota entre duas ou mais coisas", pensamos que sua indagação refere-se à possibilidade de o carma (Karma) ser, em si, negativo ou positivo em relação ao nosso destino. Acreditamos que não. O carma (Karma) é uma lei natural. Esta lei tem um aspecto causal, embora probabilístico. Faz lembrar as leis da física quântica. Desse modo, as consequências finais globais do carma (Karma) resultam, estatisticamente, como uma correspondência exata entre causa e efeito. Portanto, nós somos os únicos responsáveis pelo nosso bom ou mau carma (Karma), nosso bom ou mau destino.

3 - Como se inter-relacionam o carma (Karma) e o livre-arbítrio?

Pelas respostas anteriores, é fácil perceber que o livre-arbítrio e o carma (Karma) atuam um sobre o outro, em um mútuo condicionamento. Desse modo, é ilusório pensar que somos totalmente capazes de exercer um real livre-arbítrio. Em outras palavras, o nosso arbítrio não é inteiramente livre como imaginamos teoricamente. Somos livres para agir, sim, mas dentro de condições limitadas. Por exemplo, não conseguiremos, por simples livre-arbítrio, subtrair-nos à ação da gravidade.

Podemos contrabalançá-la, mas não impedir que ela atue sobre a nossa massa física. Podemos, até certo ponto, prolongar ou reduzir nosso tempo de vida, mas não conseguiremos tornar-nos imortais. Não somos capazes de viver sem respirar, sem beber água ou sem alimentação, pois a natureza assim nos condicionou. Logo, nosso livre-arbítrio é livre apenas até determinados limites. E um desses limites é o nosso próprio carma (Karma). Por sua vez, o nosso limitado livre-arbítrio condiciona o nosso futuro carma (Karma).

4 - Existe carma (Karma) de grupos sociais, de países? O senhor poderia nos dar um exemplo de como isso funciona?

Sim, há carma (Karma) de grupos sociais, de países e até do nosso planeta. Os melhores exemplos poderemos encontrar na história. O carma (Karma) coletivo funciona da mesma forma que o individual. O resultado global é igual à soma do comportamento das partes. Daí a importância da educação, em todos os sentidos (intelectual, moral e cívica), dos cidadãos de um país. Sem isso, o caos é o minimo que poderá esperar-se em termos de carma (Karma),

5 - Qual seria a manifestação do carma (Karma) coletivo, por exemplo, na vida de países de grande tradição bélica, como o Império Romano?

A história do Império Romano é muito longa para ser aqui desfiada. Mas para quem procurar conhecê-la, não haverá melhor exemplo da lei do carma (Karma) atuando relativamente a uma coletividade humana.

6 - Entre as várias filosofias e religiões que creem na reencarnação, todas têm o mesmo parecer sobre a Lei do Carma (Karma)?

Embora as filosofias e religiões que creem na reencarnação admitam, de certa forma, uma consequência causal propagando-se ao longo das vidas sucessivas, nem por isso elas têm, formalmente, o mesmo parecer sobre o carma (Karma).

Uma das questões que poderão influir no conceito de carma (Karma) é a opinião acerca daquilo que se reencarna. Assim, por exemplo, a seita budista Hinâyana, chamada também o Pequeno Veículo ou Escola Theravada (Escola dos Maiores), admite que aquilo que se reencarna é uma espécie de "energia" que passa de uma para outra encarnação. Em lugar de uma alma ou espírito, existe Anattâ (o não-eu), algo que se aproximaria do "princípio vital" sugerido pelos primeiros vitalistas ocidentais. Como pode deduzir-se, o conceito de carma (Karma), em tal condição, seria bem diferente do que pensam os espíritas, por exemplo.

Todavia, Alexandra David-Neel, em sua obra Os Ensinamentos Secretos dos Budistas Ttbetanos, informa que no Tibete a mesma seita Theravada admite que aquilo que se reencarna é um princípio denominado Namshés, uma espécie de consciência (o Jiva dos hindus).

A outra grande seita budista, o Mahâyana, ou Grande Veículo, ensina que é uma alma aquilo que se reencarna. Embora os adeptos da Escola Mahâyana creiam na metempsicose, Sinnet afirma que, nos escritos budistas autênticos, não há menção ao renascimento do homem em corpos de irracionais. Vê-se, imediatamente, que deve haver diferenças na forma de considerar a lei do carma (Karma) pelas filosofias e religiões reencarnacionistas.

7 - Como a física vê a possibilidade de retorno da energia centrada no espírito em outro corpo no processo de reencarnação, para o "resgate" do carma (Karma)?

A física como ciência ortodoxa, e cujo objeto é bem definido, não cuida do espírito nem de hipotéticas energias eventualmente centradas neste último. Se algum físico está tentando abordar semelhante área de investigação, ele, por enquanto, não poderá falar em nome da física.

8 - Seria o espírito capaz de armazenar as informações adquiridas a cada encarnação? Que forma teriam essas informações a nível de energia? O espírito é capaz de aprender, de se lembrar de fatos passados e de suas consequências para direcionar, de maneira mais apropriada, sua energia, em atitudes da vida presente e futuras?

Independentemente da abordagem em termos de física, as pesquisas acerca da reencarnação têm acumulado evidências que apontam a favor do registro permanente das informações obtidas pelo espírito, ao longo das suas encarnações sucessivas. O reaproveitamento das experiências vivenciadas durante suas existências é um dos mecanismos da evolução das espécies, inclusive do homem.

9 - A alma "cresce ", "amadurece" ou "envelhece"?

O crescimento, o amadurecimento e o envelhecimento são contingências dos seres vivos em geral. Pela natureza atribuída à alma, parece um tanto impróprio assemelhá-la a um ser biológico. Entretanto, parece fora de dúvida que devam existir níveis evolutivos correspondentes às almas (ou espíritos). Logicamente, as almas que atravessam maior número de encarnações, em corpos que se submeteram a condições mais intensas de aprendizado, seriam as que "cresceram" e "amadureceram" mais. Seriam, assim, as mais "velhas".

10 - Como se estabelece uma relação de tempo/espaço com o espírito? Onde se concentra essa energia a partir do desencarne até a encarnação seguinte? Quantas reencarnações são necessárias para o resgate do carma (Karma)?

Para nós, continuam vigorando o nosso calendário e as nossas medidas de espaço e tempo, quando avaliamos a situação espaço-temporal do espírito. Não há fatores de conversão conhecidos. Para os espíritos a coisa deve ser diferente, pois há evidências de que eles ocupam um espaço-tempo pentadimensional, a saber: quatro dimensões de espaço e uma de tempo.

Quando se fala em "energia", é necessário que se esclareça o que se está querendo expressar. Energia é um ente abstrato que surge de relações matemáticas empregadas pela mecânica.

Na realidade, a energia não pode ser vista, apalpada, etc. Sabe-se que ela existe na dependência de estados relativos dos objetos. Pela Teoria Especial da Relatividade, uma fórmula matemática exprime a relação entre a massa e a energia, mas isto não basta para termos uma imagem da energia como ente observável, como por exemplo uma pedra, uma gota de liquido ou uma corrente de ar.

A pergunta parece-nos referir-se à "informação" que é conservada pelo espírito e que passa de uma encarnação para outra. Esta "informação" é armazenada na própria estrutura tetradimensional do espírito.

Não existem meios de se estabelecer com segurança o número de reencarnações necessárias para "zerar" o carma (Karma). Talvez isso jamais ocorra, uma vez que o progresso do espírito parece ser indefinido. Se assim for, o encadeamento de causas e efeitos não deve cessar.

11 - Como a reencarnação explica o crescimento populacional ano após ano? Em vista do maior número de nascimentos em relação à população de desencarnados, que carma (Karma) viriam resgatar os espíritos que encarnam na forma humana pela primeira vez?

Em virtude da evolução biológica, a produção de espíritos forma uma corrente ininterrupta, que alimenta constantemente o fluxo reencarnatório em todos os níveis, inclusive o humano. Além disso, ainda existe a fonte da imigração planetária, que parece ser um fato real.

A natureza do carma (Karma) não implica qualquer tipo de resgate. O carma (Karma) é a sequência de causas e efeitos. Ele se inicia nas formas biomoleculares mais rudimentares e prossegue indefinidamente ao longo da evolução.

12 - Como surgem as doenças congênitas? Elas são resultado de um ajuste prévio feito pelo indivíduo, pelos dirigentes espirituais da nova encarnação, ou advêm de um processo mecânico?

As doenças congênitas surgem em decorrência de anomalias genéticas. Segundo informações dos espíritos, obtidas através do médium Chico Xavier, alguns indivíduos podem sofrer tais moléstias em decorrência da necessidade de ajustes prévios solicitados pelos pacientes ou propostos por dirigentes espirituais.



DARMA

Darma ou Dharma (em sânscrito: धर्म, transl. Dharma; em páli Dhamma) significa "Lei Natural" ou "Realidade". Com respeito ao seu significado espiritual, pode ser considerado como o "Caminho para a Verdade Superior". O darma é a base das filosofias, crenças e práticas que se originaram na Índia.

A mais antiga dessas, conhecida como Hinduísmo, é a Sanatana Dharma (ou Dharma Eterno). No Budismo, no jainismo e no sikhismo, o darma também tem um papel axial. Nessas tradições, seres que vivem em harmonia com o darma alcançam mais rapidamente o mocsa, o Dharma Yukam, o nirvana ou libertação da roda das samsaras, ou ciclo de reencarnações.

O darma também se refere aos ensinamentos e doutrinas de diversos fundadores de tradições, como Siddhartha Gautama no budismo e Mahavira no jainismo. Como doutrina moral sobre os direitos e deveres de cada um, o Dharma se refere geralmente ao exercício de uma tarefa espiritual, mas também significa ordem social, conduta reta ou, simplesmente, virtude.

Para algumas seitas e alguns pensadores, o darma também pode ser interpretado como ações virtuosas feitas tanto em vidas passadas (encarnação anteriores) como na vida atual, e irá receber tudo de novo do universo também com boas ações, assim como o carma pode ser considerado uma consequência ruim que se teve, tem ou terá, sendo consequências de todas as ações ruins que se teve, também nessa ou em vidas passadas.

Fonte: Wikipédia

CARMA E DARMA

CAUSA E PROPÓSITO DO DESTINO
Por: Bhagavad

Sob o ponto de vista de quem atravessa um momento de sofrimento agudo em sua existência, nada pode ser mais inoportuno e desagradável do que alguém racionalizar ou tentar “explicar” as causas de sua dor com base em eventos passados nesta ou em alguma vida pregressa.

A racionalização em momento inoportuno, longe de causar alívio, pode até mesmo aumentar o sofrimento e a revolta do sofredor, por ver alguém racionalizando friamente sobre seu sofrimento, em um momento em que desejaria receber conforto, empatia e calor humano.

O Carma e o Darma (respectivamente, a causa e o propósito dos eventos) devem ser estudados sim, mas em situações prévias de estabilidade e de normalidade. Jamais devemos atormentar um sofredor com racionalizações e explicações em um momento de sofrimento intenso.

Mas não há dúvida de que esses temas são importantes e sua compreensão prévia pode auxiliar o sofredor na compreensão e na absorção de seu sofrimento.

A maior contribuição do pensamento oriental ao Ocidente foi a noção de carma como um encadeamento de causas pretéritas formando o cenário e as condições de nossa vida presente. A palavra carma já está definitivamente incorporada ao vernáculo de todas as nações ocidentais, e mesmo as pessoas que não se identificam com a filosofia oriental ou com o movimento espírita sabem o que significa essa palavra e falam fluentemente sobre o carma, embora de forma muitas vezes simplista e distorcida. O pensamento comum supõe que um carma seja uma espécie de operação aritmética de soma e subtração, quando, na verdade, é uma função integral ultracomplexa em que um conjunto de causas interagem holograficamente para gerar um efeito.

E há uma outra questão ainda mais complexa: O conceito de carma foi introduzido no Ocidente sem o conceito complementar e associado ao carma e que é o darma.

A única explicação para esse fato é que o darma constitui um conceito ainda mais complexo e sutil do que o próprio carma. A própria diversidade na tradução da palavra darma já é um indício dessa complexidade.

Há muitas traduções, sem que nenhuma delas consiga transmitir, em sua plenitude, o significado original do sânscrito dharma: retidão, dever, religião, evolução, conduta correta, preceitos, moral, ensinamento etc.

De fato, todas essas traduções são incompletas. Como princípio complementar ao carma, o darma pode ser compreendido como a linha de tendência que devemos seguir rumo à verdade, sendo essa linha de tendência resultante do alinhamento do nosso carma em uma determinada direção, que é o propósito e o rumo de nossa existência. O carma é composto por muitas linhas divergentes e conflitantes decorrentes das diversas ações harmônicas e desarmônicas que cometemos no passado.

A linha de tendência resultante de todas essas múltiplas ações apontam numa determinada direção e assume um determinado propósito alinhado com a ordem divina do universo e de nossa vida em particular. Essa direção é o Darma.

O darma é aquilo que os cristãos (particularmente os protestantes) costumam chamar de “O Plano de Deus para nossa vida”. Para atingirmos o nosso darma, temos de navegar nas “ondas” revoltas do carma, até que essas ondas estejam todas alinhadas e não exista mais diferença entre o carma e o darma. Quanto mais anulamos o nosso carma, mais tomamos consciência do nosso darma e mais alinhamos nossa vida com ele.

Todavia, mesmo a pessoa que está vivendo uma fase de turbulência existencial e intenso sofrimento está trabalhando simultaneamente seu darma, com a diferença de que está navegando uma onda periférica e prioritária, ilusoriamente afastada do curso normal de sua existência, o que não é verdade se virmos o fato no plano espiritual. É como um motorista numa estrada que se afasta da via principal para trocar um pneu ou reabastecer o seu veículo. Logo que essa operação for concluída, ele retorna à via principal. Naquele momento específico de sua viagem, a operação de troca dos pneus ou de reabastecimento foi mais importante do que seguir o curso normal da viagem. Para quem não conhece seus reais objetivos, o afastamento da estrada pode parecer uma insanidade.

A grande dificuldade para se entender esse conceito é que, na vida real, nem mesmo o próprio viajante conhece os objetivos e os desvios de percurso. As coisas parecem simplesmente acontecer impulsionadas por uma força desconhecida.

O conhecimento do carma e do darma facilita a compreensão desse processo, mesmo com o desconhecimento das forças causais e das linhas de tendência futura que estão operando a cada instante, mudando o panorama de nossa vida e trazendo novas situações agradáveis ou desagradáveis.

Está claro para todos que os eventos penosos que ocorrem em nossa vida constituem uma manifestação do carma, a colheita de causas passadas. A colheita dos frutos amargos, cujas sementes plantamos nesta ou em existências pretéritas.

O que não está tão claro é que o sofrimento tem também um propósito dármico, tem o objetivo de eliminar o carma e de direcionar a alma para determinada direção, produzir maior sensibilidade e empatia. Só na escola do sofrimento é possível desenvolver empatia com os que sofrem dores semelhantes às nossas. Os seres dotados desse tipo de empatia, caso não estejam sofrendo na situação presente, já sofreram dores atrozes no passado, tendo, através disso, adquirido a empatia de forma permanente.

Os grandes seres benfeitores da humanidade têm esse sentimento de empatia de forma permanente e em um grau extraordinariamente alto. Em função disso, sofrem intensamente todas as dores da humanidade. O sofrimento intenso e universalizado desses grandes seres é, todavia, neutralizado e equilibrado por uma sensação de êxtase advinda da percepção da unidade da vida e da percepção consciente de que o glorioso plano abrange todas essas distorções localizadas e particulares. Essa mescla de sentimentos e percepções faz com que os grandes avatares sintetizem o sofrimento e o êxtase em uma sensação unificada e fora da nossa compreensão, como se o sofrimento fosse o travo amargo de um vinho tinto saboroso. Diziam os antigos, com uma sabedoria que ultrapassa as próprias palavras: “O vinho é amargo, mas tem o sabor da vida”.


OS TRÊS PILARES DO DARMA

Praticar e compreender o Dharma é uma coisa rara e preciosa. Poucas pessoas no mundo são presenteadas com essa oportunidade. A maior parte das pessoas está rodando em círculos, levadas pela ignorância e desejo, inconscientes da possibilidade de saírem dessa roda de samsara, a roda de avidez e ódio. As oportunidades para praticar surgem por causa de algo que na língua páli se chama Parami. Cada momento mental que for livre de avidez, ódio e ilusão tem certa força purificadora no fluxo da consciência; e em nossa longa evolução acumulamos muitas dessas forças purificadoras dentro de nossas mentes. Onde houver uma grande acumulação desses fatores benéficos de não-avidez, não-ódio e não-ilusão, os paramis tornam-se fortes e resultam em todo tipo de felicidade, desde os prazeres sensuais mais mundanos até a mais elevada felicidade da iluminação. Nada acontece por acaso ou sem causa.

Há dois tipos de paramis: pureza de conduta e pureza de sabedoria. As forças de purificação envolvidas na correta conduta tornam-se a causa de vizinhanças felizes, circunstâncias agradáveis, relacionamentos felizes e a oportunidade de ouvir o Dharma.

O outro tipo de parami, a pureza de sabedoria, desenvolve-se pela prática do correto compreender e torna possível o crescimento da percepção, do insight. Ambos os tipos de paramis, essas duas forças de purificação, devem ser desenvolvidas para que tenhamos a chance de praticar o Dharma e, depois, a sabedoria para compreendermos.

Há três pilares do Dharma, três campos de ação que cultivam e reforçam os paramis.

O primeiro deles é a generosidade. Dar é a expressão do fator mental não-avidez em ação. Não-avidez significa ceder, abrir mão, não segurar, não agarrar, não se enganchar. Toda vez que dividimos algo ou damos algo a alguém, isso reforça o fator benéfico, até que se torna uma força mental poderosa. O Buda disse que se soubéssemos, como ele sabia, qual o fruto do ato de dar, nós não deixaríamos passar nem sequer uma simples refeição sem dividi-la. Os resultados cármicos da generosidade são a abundância e relacionamentos profundamente harmoniosos com as outras pessoas. Dividir, compartilhar o que temos é uma forma linda de nos relacionarmos com os outros e nossas amizades ficarão muito intensificadas pela qualidade da generosidade. Ainda mais significante é que o cultivo da não-avidez torna-se uma grande força de liberação. O que nos mantém presos é o desejo e o apego em nossas mentes. À medida que praticamos o dar, aprendemos a ceder, a abrir mão.

Diz-se que há três tipos de doadores. O primeiro são os doadores mendigos. Dão após muita hesitação e ainda assim apenas as sobras, o pior do que eles possuem. Eles pensam: "Será que eu deveria dar ou não? Talvez sejam coisas demais?" E finalmente talvez se desfaçam de algo que realmente não queriam. Doadores amigáveis são pessoas que dão aquilo que elas próprias usariam. Dividem o que têm com menos deliberação, mais mãos-abertas. O mais elevado tipo de doadores são os doadores reais ou nobres que oferecem o melhor do que têm. Eles compartilham espontaneamente sem precisar deliberar. Dar tornou-se natural em sua conduta. A não-avidez é tão forte em suas mentes que em cada oportunidade que têm, eles dividem aquilo que é mais cobiçado, de forma solta e amorosa. Para algumas pessoas, doar é difícil; a ganância é forte e há muitos apegos. Para outros, a generosidade vem facilmente. Não importa. De qualquer lugar do qual estejamos começando, simplesmente começamos a praticar. Cada ato de generosidade lentamente enfraquece o fator avidez. Compartilhar abertamente é uma forma linda de viver no mundo e, através da prática, podemos nos tornar doadores reais.

Há dois tipos de consciência que estão envolvidos em nossos atos. Uma delas é a "consciência induzida": a mente que considera e delibera antes de agir. A outra é a chamada "consciência não-induzida" e é muito espontânea. Quando uma ação específica foi bem cultivada, não há mais necessidade de deliberar. Essa consciência não-induzida, muito espontânea, opera bem no momento. Através da prática, desenvolvemos o tipo de consciência em que dar se torna a expressão natural da mente. Devemos cultivar a generosidade a partir da compaixão e do amor por todos os seres. Em muitos discursos, o Buda incitou as pessoas a praticarem a doação até que ela se tornasse uma expressão fácil, sem esforço, da compreensão. A generosidade é um grande parami: figura como a primeira das perfeições do Buda. À medida que vai sendo cultivada, torna-se causa de grande felicidade em nossas vidas.

O segundo pilar ou sustentáculo do Dharma, ou campo de ações purificadoras, é a abstenção moral. Isso significa seguir os cinco preceitos básicos:

Não matar, não roubar, não cometer desregramento sexual, não utilizar discurso errado e não utilizar tóxicos que turvam a mente e a tornam embaraçada.

- Todos os seres querem viver e ser felizes; todos os seres desejam ser livres da dor. É um estado mental muito mais leve preservar a vida do que destruí-la. É muito melhor remover gentilmente um inseto de dentro de nossas casas e colocá-lo para fora do que matá-lo. É ter reverência por todos os seres vivos.

- Não roubar significa abster-se de tirar as coisas que não nos foram dadas.

- Má conduta sexual ou desregramento sexual é mais facilmente entendido como abstenção de ações sensuais que causem dor ou prejudiquem os outros, ou turbulência e distúrbio em nós mesmos.

- Abster-se do discurso incorreto significa não apenas dizer a verdade, mas evitar todo tipo de conversa frívola ou inútil. Muito do nosso tempo é perdido em fofocas. As coisas surgem em nossa mente e falamos sem considerar sua utilidade. Restrição no discurso é muito útil para tornar a mente pacificada. Não usar linguagem rude ou abusiva. Nosso falar deve ser gentil, cultivando harmonia e unidade entre as pessoas.

- Abster-se de tóxicos: Ao caminharmos no caminho da iluminação, em direção à liberdade e clareza da mente, também não é muito útil usar coisas que nublam nossa mente, tornando-a embaraçada. O descuido no uso de tóxicos enfraquece sobremaneira nossa resolução de mantermos os outros preceitos.

A importância e o valor dos preceitos está em muitos níveis. Eles agem como uma proteção para nós, uma guarda contra a criação de carma maléfico. Todos esses atos dos quais nos refreamos, nos abstemos, envolvem motivos de avidez, ódio ou ilusão e são carmicamente produtores de dor e sofrimentos futuros. Enquanto a atenção ainda estiver sendo desenvolvida e, às vezes, não estiver ainda muito forte, a resolução de seguir os preceitos servirá como um aviso quando vocês estiverem a ponto de cometer algum ato ruim. Atos inúteis ou ruins também causam um peso e escuridão mental no momento em que os praticamos. Cada ação útil, boa, cada refrear de atividades maléficas traz leveza e claridade. Se vocês observarem cuidadosamente a mente ao fazerem qualquer atividade, vocês começarão a perceber que toda atividade baseada na ganância, no ódio ou ilusão causa peso para surgir. Seguir esses preceitos morais como regras para viver nos mantêm leves e permite que a mente seja aberta e clara. É uma forma muito mais fácil e menos complicada de viver. Neste nível de compreensão, os preceitos não são entendidos como mandamentos e sim seguidos pelo efeito que têm sobre a nossa qualidade de vida. Não existe o sentido de imposição de forma alguma porque eles são a expressão natural de uma mente clara.

Os preceitos têm um significado ainda mais profundo no caminho espiritual. Eles libertam a mente do remorso e da ansiedade. Culpa a respeito de ações do passado não ajuda muito e mantém a mente agitada. Ao estabelecer uma pureza de ações no presente, a mente torna-se mais facilmente tranquila e penetrante. Sem concentração, o insight é impossível. De modo que um alicerce na moralidade torna-se a base do desenvolvimento espiritual.

O terceiro campo de atividade purificadora é a meditação. A meditação está dividida em duas correntes principais. A primeira é o desenvolvimento da concentração, a habilidade da mente permanecer firme sobre um objeto, sem vacilar nem passear. Quando a mente está concentrada há um grande poder de penetração. A mente que está espalhada, dividida, não consegue enxergar a natureza do corpo e da mente. Mas concentração apenas não é suficiente. A poderosa força da mente precisa ser utilizada à serviço da compreensão, que é o segundo tipo de meditação: o cultivo do insight, da percepção. Isto significa ver claramente o processo das coisas, a natureza de todos os Dharmas.

"O sábio corrige sua mente inquieta, agitada,ardilosa, não-confiável, tal como o arqueiro constrói a flecha" (Buda; Dhammapada - verso 33).

Tudo é impermanente e está em fluxo, surgindo e passando de momento em momento. A consciência, o objeto, todos os diferentes fatores mentais, o corpo: todos os fenômenos compartilham do fluxo da impermanência. Quando a mente está clara ela experimenta essa mudança incessante a nível microscópico: de instante a instante estamos nascendo e morrendo. Não há nada ao que nos agarrarmos, nada a que nos atarmos. Não devemos nos apegar a nenhum estado mental ou corporal, nenhuma situação externa a nós mesmos, pois tudo esta mudando no momento. O desenvolvimento do insight significa experimentar o fluxo da impermanência dentro de nós de modo que possamos começar a abrir mão, a ceder, não nos agarrando tão desesperadamente aos fenômenos mente-corpo. Experimentar a impermanência leva a uma compreensão de insatisfação inerente do processo mente-corpo: insatisfação no sentido de que ele é incapaz de nos dar qualquer tipo duradouro de felicidade. Se pensarmos que o corpo vai ser a causa da nossa paz, felicidade e alegria permanentes, então não estaremos vendo a decadência inevitável que vai ocorrer. Conforme começamos a ficar velhos e doentes, decadentes e morremos, as pessoas com um forte apego ao corpo experimentarão grande sofrimento. A decadência é inerente a tudo o que aparece, que surge. Todos os elementos da matéria, todos os elementos da mente, surgem e desaparecem.

Outra característica de toda existência que pode ser vista com o desenvolvimento do insight e da consciência é que, em todo esse fluxo dos fenômenos, não existe algo como um "eu" ou um "self", um "meu", ou um "mim". São apenas fenômenos fluindo, fenômenos vazios, vazios de self, de ego. Não há entidade por trás de tudo que esteja experimentando tudo. O experimentador, o sabedor é, em si mesmo, parte do processo. À medida que o insight é cultivado através da prática da atenção, as três características da existência são reveladas.

O insight é um processo de purificação: quando todas as negatividades em nossa mente tiverem sido vistas, examinadas e finalmente extirpadas, elas não surgem de novo.

Sabedoria é a culminação do caminho espiritual, que começa com a prática da generosidade, refreamentos morais e o desenvolvimento da concentração. A partir dessa base de pureza surge o insight penetrante na natureza da mente e do corpo. Ao estarmos perfeitamente atentos ao momento, tudo aquilo que foi acumulado em nossas mente começa a subir, emergir. Todos os pensamentos e emoções, toda a malevolência, avidez e desejo, toda a luxúria, todo o amor, toda a energia, toda a confiança e alegria, tudo que está em nossas mentes começa a ser trazido ao nível consciente. E através da prática da atenção, do não agarramento, da não-condenação, não-identificação com coisa alguma, a mente torna-se mais leve e mais livre.

Uma indicação do poder relativo desses vários campos de parami foi dada pelo Buda. Ele disse que o poder da purificação na doação é aumentado pela pureza do recebedor. Mas muitas vezes mais poderosa, até mesmo do que ter feito uma oferenda ao próprio Buda ou à uma ordem inteira de monges e monjas iluminados, é a prática do pensamento da bondade amorosa com uma mente concentrada. E ainda mais potente do que cultivar esse pensamento amoroso é ver claramente a impermanência de todos os fenômenos, pois esse insight dentro da impermanência é o início da liberdade.

Por Joseph Goldstein; A Experiência do Insight - Editora Roca







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