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terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Entre sem bater



A porta do coração não deve jamais
ser fechada à chave,
Mas apenas ficar assim... meio cerrada,
Com um letreiro bem visível:

Deixe entrar sem bater, meu caro amigo,
Os que morrem de frio,
Mais por falta de amor do que de roupa.

Deixe entrar sem bater os que perderam o rumo
Nos trilhos complicados da existência:
Talvez se achem no céu do seu abraço.


Deixe entrar sem bater os que têm fome,
Mais de carinho que de pão,
E reparta com eles sua vida
Que vale muito mais que seu dinheiro...

Deixe entrar sem bater os que chegam a pé,
Empoeirados e cansados,
Porque a passagem do destino
Era cara demais e ninguém lhes pagou
Sequer um bilhete de terceira classe
No trem da felicidade...

Deixe entrar sem bater
Os que nasceram a contragosto
Porque a pílula falhou...
E só foram recebidos na existência
Porque não havia outro jeito...

Deixe entrar sem bater os enjeitados no fim:
Os velhos e as velhinhas
Que deram tudo de si,
Que perderam as pétalas da vidas em benefício
Dos frutos, os seus filhos,
E agora são deixados
Para murchar no fundo dos asilos...

Deixe entrar sem bater
Os enjeitados no princípio
Filhos de mães solteiras,
Os filhos do prazer criminoso e egoísta.


Deixe entrar sem bater os esquecidos
Por não poderem mais fazer carinho,
Porque ficaram tão grossas suas mãos
Com calos e feridas de trabalho,
Que agora sua carícia
Parece que machuca a face que os rejeita...

Deixe entrar, como se a casa fosse deles,
Os que não tiveram tempo de ser crianças,
Porque a vida lhe pôs uma enxada nas mãos
Quando devia por nelas algum brinquedo...
Os que nunca tiveram sorrisos em seus lábios,
Porque a lágrima chegava sempre primeiro,
Entrando-lhes pelos cantos da boca
E estragando com sal o doce da alegria.

Deixe entrar todos estes
Sem temor que falte espaço
Porque num coração cristão
Sempre cabe mais um e até mais mil.
E depois que tiver a sala de seu peito
Lotada de infelizes, aleijados e famintos,
Você vai ter, amigo, a maior das surpresas,
Ao ver que a face torturada
De tantos desgraçados
Se transforma, de repente,
No rosto luminoso e sorridente de Jesus,
Falando assim, só para você:

“Meu caro amigo, agora é a sua vez:
Entre você também; pode entrar sem bater,
A casa é sua, o céu é todo seu.”

Pe. Heber Salvador de Lima
Música:
At the end
Earl Grant
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