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quarta-feira, 19 de novembro de 2014

O perigoso poder das palavras



"Saiu de nossas bocas, não mais nos pertencem. As palavras têm vida própria e são, por enquanto, a única forma de nos traduzir e aos outros também.

Somos um emaranhado de pensamentos, sentimentos e desejos.

Desde cedo, formados para agradar a quem nos rodeia, sermos educados, subservientes, e, no fundo, dizer o que achamos que o outro quer ouvir, expressar o que julgamos que o outro desejaria que sentíssemos, e, por fim, fazermos algo que o outro quer que façamos.

Sempre preocupados em agradar aos outros, viver em função de todos, sermos exemplo. Mas como lidar com os impulsos em que explodimos e falamos de uma só vez e de forma agressiva e fulminante, todas as insatisfações?

É aí que constatamos: palavras doem, machucam, criam sentimentos muitas vezes irreversíveis, como ódios, mágoas, raivas que, por aquele segundo impensado, por duas ou três palavras, detonam toda uma vida. Assim, casamentos são desfeitos, há brigas entre irmãos e inimizades entre amigos fraternos. Como dizem nossos avós: "palavra tem poder"! E como!

Na boca de um líder como foi Hitler, desencadeou uma guerra terrível, que exterminou seis milhões de judeus e convenceu uma nação, como a Alemanha, de que eles eram superiores e arianos, semideuses.

Na boca de um Gandhi, tornou-se uma arma de paz que derrotou, sem um tiro sequer, o maior império colonialista já existente, a Grã-Bretanha.

Poder fantástico de construir ou destruir um mundo.

Mas, sejamos mais práticos e pensemos no nosso dia a dia: estamos pronto para entender as palavras que usamos? Será que as compreendemos? E mais, será que temos a noção que, mesmo que elas saiam de nós com a melhor das intenções, com um ótimo significado, quando as pessoas as escutam, elas podem interpretá-las de forma absolutamente distorcida?

E aí realmente vira conversa de louco. Fala-se "A"o outro entende "X" e, a partir de então, desistam da conversa. Se houver bebida ou droga, pior ainda.

Num tempo de absoluta falta de intimidade, em que redes sociais devastam a vida de todos, principalmente dos famosos, qualquer mortal pode usar da palavra para ofender seu ex-ídolo, seu desafeto. Qualquer ex- namorado pode disseminar fotos íntimas e disparar palavras de "baixo calão", condenando seu ex-amor à execração pública.

E como somos críticos, impiedosos, imaturos!

É só alguém se destacar em qualquer área, que chovem palavras mortíferas. Impressiona-me o aumento do radicalismo, da intolerância. Sonho com o dia em que não precisemos mais falar, demonstrar sentimentos nem desejos.

Afinal, a mente é o resultante de uma energia eletromagnética, de origem eletroquímica cerebral. Um dia, tal energia será captável, transmissível. Neste dia, fim das mentiras, das traições, do fingimento; se as energias não forem compatíveis, cada um para o seu lado."

Eduardo Aquino
Médico, Psiquiatra e Neurocientista

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