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terça-feira, 19 de maio de 2015

Lenda da Estrela Divina



De passagem por nosso templo, trago-vos à meditação um apólogo simples.

Convencido de que somente através do próprio trabalho conseguiria entesourar as bênçãos de seu Divino Criador, o Homem compareceu diante do Altíssimo e rogou humildemente:

Pai, aspiro a conquistar a vossa grandeza infinita... Que fazer para penetrar os domínios da vossa glória?

O Todo-Compassivo louvou-lhe os propósitos e determinou:

– Desce à Terra e convive com os teus irmãos.

O Homem nasceu e renasceu, muitas vezes, adquirindo experiência em diversas nações, e voltou ao Paraíso, ostentando na fronte a auréola da Cultura.

Não contente, entretanto, pediu ao Soberano da Vida:

Pai, anseio conhecer-vos a força... Como proceder para atingir semelhante graça?

O Todo-Bondoso afagou-lhe a alma inquieta e ordenou:

– Desce à Terra e dirige os teus irmãos.

O Homem nasceu e renasceu, muitas e muitas vezes, fazendo leis e gastando fortunas, construindo fronteiras e levantando monumentos religiosos, plasmando a beneficência e disciplinando as sociedades, brandindo armas e desfraldando bandeiras, mandando e comandando, fascinado pelos poderes e pelos bens da Terra, como se os bens e os poderes da Terra lhe pertencessem, e retornou ao Lar Eterno, guardando nas mãos o cetro da Autoridade.

Não contente, todavia, suplicou ao Senhor Supremo :

– Pai, suspiro por aprender convosco a criar emoções sublimes... Como agir para entender a vossa beleza augusta?

O Todo-Sábio contemplou-o, benevolente, e aconselhou :

– Desce à Terra e procura formar pensamentos iluminados e nobres para consolo e progresso de teus irmãos.

O Homem nasceu e renasceu, muitas e muitas vezes, trabalhando a pedra e o metal, a madeira e a argila, a palavra e o som, o pincel e a rima, e retornou à Luz das Luzes, transportando nos olhos e nos ouvidos, na língua e nos dedos a magia da Arte.

Contudo, não satisfeito ainda, rojou-se aos pés do Senhor e pediu em lágrimas :

– Meu Pai, tenha saudades de vosso convívio... Não quero apartar-me de vosso olhar! Que fazer para demorar-me nos Céus?

O Todo-Misericordioso abraçou-o com ternura e ajuntou :

– Ah! meu filho, que pedes tu agora? Para, que te detenhas no Céu é necessário desças à Terra e ajudes a teus irmãos.

E o Homem nasceu e renasceu, por longos e longos séculos, sofrendo, sem reclamar, injúrias e ultrajes, lapidações e calúnias, miséria e abandono, chagas e açoites, procurando auxiliar os outros sem cogitar do auxílio a si mesmo, até que, um dia, terrivelmente fatigado e sozinho, mas de coração alegre e consciência tranquila, retornou aos Eternos Tabernáculos.

Não precisou, no entanto, anunciar a sua presença, porque as Portas Celestiais se lhe descerraram ditosas.

Flores inclinaram-se-lhe à passagem.

Constelações saudavam-no em regozijo.

Anjos cantavam, em surdina, celebrando-lhe o triunfo.

E o próprio Senhor, na carruagem resplendente de sua Glória, veio recebê-lo nos Pórticos Sagrados, exclamando, de braços abertos:

Bem-aventurado sejas, filho meu!... Agora a Criação inteira é tua... Todos os meus segredos te pertencem. E, estejas onde estiveres, viveremos juntos para sempre.

Esmagado de júbilo, em riso e pranto, o Homem compreendeu, sem palavras, que a felicidade do amor puro lhe fluía sublime dos refolhos do ser, em torrentes de alegria misteriosa...

É que ele trazia, fulgente no coração, a Estrela Divina da Humildade.

Desde então, pôde habitar na Casa do Senhor por longos dias...

Irmão X
do livro: "Vozes do Grande Além"
Francisco Cândido Xavier







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