Pobres são os que roubaram o trabalho dos outros; pobres os condenados por seu egoísmo a comer em demasia; pobres os que jamais bebem água; os que não têm necessidade de trabalhar; os que matam o tempo para que o tempo não os atormente.
Pobres são os que satisfazem todos os seus gostos; os que se convertem em mealheiro; os que sabem que com dinheiro tudo se consegue; os que despojaram o lavrador de sua terra e roubaram à mãe seu filho para transformá-la em ama de leite.
Pobres são os que se valem das mãos e das costas dos demais; os de palavras ásperas e olhar soberbo; os que carregam seu saco de ouro e julgam que ninguém nota.
Pobres são os que levam jóias aos templos e passam insensíveis diante das crianças que tremem de fome e de frio.
Pobres os que caminham e não conhecem seu caminho; pobres os que andam carregados e não sabem de quê; pobres os que se apressam em chegar, sem saber para onde vão.
RICOS, os ricos de paz, os sóbrios e os justos, os que gozam a alegria do seu bom coração e não precisam roubar a alheia; os que semeiam e colhem com as suas mãos e não precisam que os olhos semeiem e colham para eles.
Ricos os que podem mostrar-se como são e não precisam negar nem desfigurar aos demais; os que dizem a si mesmos a verdade e que julgam a si mesmos com justiça e aos outros podem dar do seu bem e da paz, da sua alegria e da sua riqueza.
E de tudo isto dão, na boa palavra da verdade e na boa caridade da justiça.
Constâncio C. Vigil
Imagem: Leonid Afremov Música: Concert pour une voix, Saint Preux
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