Mitologia guarani refere-se às crenças do povo tupi-guarani da porção centro-sul da América do Sul, especialmente os povos nativos do Paraguai e parte da Argentina, Brasil e Bolívia.
Mito guarani da criação
A figura primária na maioria das lendas guaranis da criação é Iamandu (ou Nhanderu ou Tupã), o deus Sol e realizador de toda a criação. Com a ajuda da deusa lua Araci, Tupã desceu à Terra num lugar descrito como um monte, na região do Aregúa, Paraguai, e deste local criou tudo sobre a face da Terra, incluindo o oceano, florestas e animais. Também as estrelas foram colocadas no céu nesse momento.
Tupã então criou a humanidade (de acordo com a maioria dos mitos Guaranis, eles foram, naturalmente, a primeira raça criada, com todas as outras civilizações nascidas deles) em uma cerimônia elaborada, formando estátuas de argila do homem e da mulher com uma mistura de vários elementos da natureza. Depois de soprar vida nas formas humanas, deixou-os com os espíritos do bem e do mal e partiu.
Nhanderuvuçú (Tupã) é considerado Deus supremo na religião primitiva dos índios brasileiros que habitavam as terras tupiniquins atualmente chamadas Brasil.
Os exploradores portugueses descobriram essas terras em 22 de abril de 1500 e inicialmente as nomearam ilha de Vera Cruz. Depois, verificando que não era possível contornar a tal da ilha, concluíram em se tratar de um imenso território o qual passou a ser chamado Terra de Santa Cruz devido à forte influência religiosa em tudo o que nomeavam em suas viagens exploratórias. Depois, com a exploração e exportação para a Europa, do pau-brasil (madeira avermelhada como brasa) esse grande território passou a ser chamado Brasil.
Nhanderuvuçú não tem forma humana; a chamada forma antropomórfica é a energia que existe, sempre existiu e existirá para sempre, portanto Nhanderuvuçú existe mesmo antes de existir o Universo.
A única realidade que sempre existiu, existe e existirá para sempre é a energia a qual os índios brasileiros identificam como Nhanderuvuçú.
Características da energia:
A energia existia mesmo antes de existir a relatividade, antes do início do Universo.
A energia existia no caos sem tempo, sem espaço e sem nenhum tipo de velocidade, era o caos mas a energia sempre existiu.
Leis fundamentais da energia:
Energia não pode ser criada nem destruída.
Energia pode se transformar de uma forma de energia em outra.
Energia total do Universo não aumenta nem diminui; apenas tudo fica em constante transformação.
Para os índios brasileiros não catequizados e para outros brasileiros que nem índios são, essa religião continua sendo professada atualmente por muitos fiéis residentes no Brasil.
Dizem eles que o início do mundo foi muito semelhante ao que dizem as outras doutrinas de outras religiões estrangeiras.
Deus chama-se Nhanderuvuçú.
No princípio ele criou a alma, que na língua tupi-guarani diz-se "Anhang" ou "añã" a alma; "gwea" significa velho(a); portanto anhangüera "añã'gwea" significa alma antiga.
Nhanderuvuçú criou as duas almas e, das duas almas (+) e (-) surgiu "anhandeci", a matéria. Depois ele disse para haver lagos, neblina, cerração e rios. Para proteger tudo isso, ele criou Iara.
Depois de Iara, Nhanderuvuçú criou Tupã, que é quem controla o clima, o tempo e o vento, Tupã manifesta-se com os raios, trovões, relâmpagos, ventos e tempestades; é Tupã quem empurra as nuvens pelo céu.
Nhanderuvuçú criou também Caaporã, o protetor das matas, por si só nascidas, e protetor dos animais que vivem nas florestas, nos campos, nos rios, nos oceanos, enfim o protetor de todos os seres vivos.
Caaporã quando é evocado para proteger as plantas plantadas junto aos roçados dos índios é chamado por eles de forma carinhosa com o cognome de Ceci.
Caaporã, em língua tupi-guarani, significa boca da mata: "Caa = boca e Porã = mata"
Dizem as lendas que no meio dos animais protegidos por Caaporã apareceu mais um casal de animais.
A primeira mulher, Amaú e, o primeiro homem, Poronominare.
Quem segue esta religião, religião "Primitiva do Brasil", adora as formas de manifestações da energia, adora o Sol, os raios, os relâmpagos e o clima em geral, através da adoração de Tupã; adora as águas, a neblina, os rios, cachoeiras, lagos, lagoas, mares e oceanos através da adoração de Iara; adoram as matas, os animais e toda a natureza adorando Caaporã; evocam Ceci para proteger os campos plantados, a agricultura e as criações de animais domésticos.
Enfim, adoram o que existe de fato, adoram somente o que é realmente real, os fenômenos naturais, o clima, a natureza, apenas as coisas reais.
A religião "Primitiva do Brasil" (Primitiva, do latim "primitivu", primeiros tempos, princípio) não inclui nenhum personagem antropomórfico (forma humana) em suas crenças, apenas Poronominare e Amaú possuem essa forma, mas não são divinos; são animais também, e portanto, pertencem à Caaporã, o protetor de toda a natureza viva, e isso inclui todos os seres vivos, inclusive nós, os animais humanos.
Dizem: "A realidade é a única verdade em que podemos acreditar".
Os jesuítas, durante a catequese dos indígenas brasileiros, interpretaram equivocadamente "Anhangüera" com o significado de "diabo velho" ao invés de "alma antiga"; outro equívoco deles foi chamar Caaporã de "curupira", que é o mito de um demônio com forma de gente e com os pés ao contrário, criado segundo a imaginação no folclore dos colonizadores cristãos no Brasil, durante o processo da catequese destes índios.
Osvaldo Orico foi da opinião de que os indígenas tinham noção da existência de uma força, de um Deus superior a todos. Assim ele diz: "Tupã-Cinunga" ou "o trovão", cujo reflexo luminoso é tupãberaba, ou relâmpago cuja voz se faz ouvir nas tempestades; sua morada é o Sol.
Tupã representa um ato divino, é o sopro da vida, e o homem, a flauta em pé, que ganha a vida com o fluxo que por ele passa."
Primeiros humanos
Os humanos originais criados por Tupã eram Rupave e Sypave, nomes que significam "Pai dos povos" e "Mãe dos povos", respectivamente. O par teve três filhos e um grande número de filhas. O primeiro dos filhos foi Tumé Arandú, considerado o mais sábio dos homens e o grande profeta do povo Guarani. O segundo filho foi Marangatu, um líder generoso e benevolente do seu povo, e pai de Kerana, a mãe dos sete monstros legendários do mito Guarani (veja abaixo). Seu terceiro filho foi Japeusá, que foi, desde o nascimento, considerado um mentiroso, ladrão e trapaceiro, sempre fazendo tudo ao contrário para confundir as pessoas e tirar vantagem delas. Ele eventualmente cometeu suicídio, afogando-se, mas foi ressuscitado como um caranguejo, e desde então, todos os caranguejos foram amaldiçoados para andar para trás, como Japeusá.
Entre as filhas de Rupave e Sypave estava Porâsý, notável por sacrificar sua própria vida para livrar o mundo de um dos sete monstros legendários, diminuindo seu poder (e, portanto, o poder do mal como um todo).
Crê-se que vários dos primeiros humanos ascenderam em suas mortes e se tornaram entidades menores.
Os sete monstros legendários
Kerana, a bela filha de Marangatu, foi capturada pela personificação ou espírito mau chamado Tau. Juntos eles tiveram sete filhos, que foram amaldiçoados pela grande deusa Arasy, e todos, exceto um, nasceram como monstros horríveis. Os sete são considerados figuras primárias na mitologia Guarani, e enquanto vários dos deuses menores ou até os humanos originais são esquecidos na tradição verbal de algumas áreas, estes sete são geralmente mantidos nas lendas. Alguns são acreditados até tempos modernos em áreas rurais. Os sete filhos de Tau e Kerana são, em ordem de nascimento:
1 - Teju Jagua, deus ou espírito das cavernas e frutas
2 - Mboi Tu'i, deus dos cursos de água e criaturas aquáticas
3 - Moñai, deus dos campos abertos. Ele foi derrotado pelo sacrifício de Porâsý
4 - Yacy Yateré, deus da sesta, único dos sete a não aparecer como monstro
5 - Kurupi, deus da sexualidade e fertilidade
6 - Ao Ao, deus dos montes e montanhas
7 - Luison, deus da morte e tudo relacionado a ela
Outros deuses ou figuras importantes
1 - Angatupri, espírito ou personificação do bem, oposto a Tau
2 - Pytajovái, deus da guerra
3 - Pombero, um espírito popular de travessura
4 - Abaangui, um deus creditado com a criação da lua; pode figurar somente como uma adptação de tribos guaranis remotas
5 - Jurupari, um deus de adoração limitada aos homens, em geral apenas para tribos isoladas no Brasil.
Mito: A criação da Noite
Nas Aldeias de todo o mundo, nas terras dos índios, era sempre dia. Nunca havia noite, estava sempre claro. Os homens não paravam de caçar, nem as mulheres de limpar, tecer e cozinhar. O sol ia do leste ao oeste e depois refazia o caminho, ia do oeste ao leste, seguindo assim.
Mas teve um dia que o caso mudou. Quando Tupã, aquele que controlava tudo, havia saído para caçar, um homem muito curioso tocou no frágil Sol para saber como funciona. Então o Sol que dava luz e calor havia se apagado, havia quebrado em mil pedacinhos. Então as trevas haviam reinado na aldeia.
Tupã não se conformou com tal atitude do homem, e o transformou em um novo animal, que tinha as mão douradas como o Sol que brilhava. E deu-se o nome àquele bicho de macaquinho-de-mão-d'ouro. Tupã então tratou de refazer o Sol. Mas ele só ia ao oeste e não conseguia voltar. Então, criou assim a Lua e as estrelas para iluminarem a noite. E assim ia, o Sol ia até o poente, não voltava, e então vinha a Lua e as estrelas. Acabava a noite e o Sol voltava, sempre sorrindo.
Figuras da Mitologia Ameríndia Tupi-Guarani:
Abaangui: é o deus da lua. De acordo com a lenda, Abaangui tinha um nariz enorme que foi arrancado pelo próprio deus, lançando-o até o céu, criando, dessa forma, a lua.
Em outra versão da lenda, Abaangui era irmão de Zaguaguayu e tinha dois filhos. Cada um destes filhos atirou uma flecha até o céu, onde ficou fixada. Em seguida, cada um atirou uma flecha que entrou na primeira; e assim procederam, até formar duas correntes que iam do céu até a terra. Por estas correntes, subiram os dois filhos de Abaangui até chegarem ao céu, onde ficaram, transformando-se no sol e na lua.
Abaçaí: (segundo Teodoro Sampaio, do tupi a'wa-sa'i; "homem que espreita, persegue") é um gênio maléfico, de proporções gigantescas, que, na mitologia tupi, perseguia os indígenas e os tornava possessos.
Em outra definição, também na mesma mitologia, é um espírito que habita as florestas e convida a dançar, cantar e fazer festa, habitava os ermos das florestas e que possuía o indígena que se apartava de seu grupo, deixando-o em transe arrebatado, fora de si. Um espírito que a ótica dos europeus e da evangelização tentou transformar em "gênio maléfico", desconsiderando a necessidade de evasão tão presente na cultura de todo o mundo.
Andurá: Andurá é uma árvore fantástica que, à noite, se inflama subitamente, devido ao fogo das queimadas em tribos indígenas.
Angra (mitologia): a deusa do fogo na mitologia tupi-guarani.
Anhangá: Anhangüera supostamente "Coisa Ruim". Ele é o protetor da caça no campo e nas florestas; Anhangá protege todos os animais contra os caçadores, e quando a caça conseguia fugir, os índios diziam que Anhangá ou Anhangüera as havia protegido e ajudado a escapar.
Para os jesuítas catequizadores, Anhangá era comparado ao demônio da teologia cristã.
Anhum: É o Deus da música na Mitologia Tupi-Guarani, o Deus melodioso, que tocava divinamente o sacro Tare.
Ao Ao: também grafado como Aho Aho, é o nome de uma monstruosa criatura da Mitologia guarani. Um dos filhos de Tau e Kerana, é uma das figuras centrais da mitologia dos povos que falam o idioma Guarani, localizados historicamente no Paraguai, norte da Argentina e sul e oeste do Brasil. É frequentemente descrito como sendo uma voraz criatura parecida com um carneiro, com um grande conjunto de presas afiadas. Alternativamente, aparece como sendo um grande pecaminoso. O seu nome é derivado do som que faria ao perseguir suas vitimas. O primeiro Ao Ao teria uma enorme virilidade e por isso é identificado como o principio da fertilidade pelos guaranis. Produziu grande descendência igual a ele, e servem coletivamente como senhores e protetores das colinas e montanhas. É descrito, ainda, como sendo canibal devorador de gente. Embora sua descrição física seja claramente inumana, é meio humana por nascimento, então o termo canibal se aplicaria. De acordo com a maioria das versões do mito, quando localiza uma vítima para sua próxima refeição, persegue o infeliz humano por qualquer distância ou em qualquer território, não parando até conseguir sua refeição.
Se a presa tentar escapar subindo em uma árvore, o Ao Ao circundará a mesma, uivando incessantemente e cavando as raízes até a árvore cair. De acordo com o mito, a única árvore segura para escapar seria a palmeira, que conteria algum poder contra o Ao Ao, e se a vitima conseguisse subir em uma, ele desistiria e sairia em busca de outra refeição. O Ao Ao também teria a função de levar as crianças desobedientes para seu irmão, Yacy Yateré.
Aruanã (mitologia): é o deus da alegria e protetor dos carajás na mitologia tupi-guarani.
Boitatá : Boitatá é um termo tupi-guarani, o mesmo que Baitatá, Biatatá, Bitatá e Batatão, usado para designar, em todo o Brasil, o fenômeno do fogo-fátuo, e deste, derivando algumas entidades míticas, um dos primeiros registrados no país.
Caipora: Caipora é uma entidade da mitologia tupi-guarani. É representada como um pequeno índio de pele escura, ágil, nu, que fuma um cachimbo e gosta de cachaça. Habitante das florestas, reina sobre todos os animais e destrói os caçadores que não cumprem o acordo de caça feito com ele. Seu corpo é todo coberto por pelos. Ele vive montado numa espécie de porco-do-mato e carrega uma vara. Aparentado do Curupira, protege os animais da floresta. Os índios acreditavam que o Caipora temesse a claridade, por isso protegiam-se dele andando com tições acesos durante a noite. No imaginário popular em diferentes regiões do País, a figura do Caipora está intimamente associada à vida da floresta. Ele é o guardião da vida animal. Apronta toda sorte de ciladas para o caçador, sobretudo aquele que abate animais além de suas necessidades. Afugenta as presas, espanca os cães farejadores, e desorienta o caçador, simulando os ruídos dos animais da mata. Assobia, estala os galhos e, assim, dá falsas pistas, fazendo com que ele se perca no meio do mato. Mas, de acordo com a crença popular, é sobretudo nas sextas-feiras, nos domingos e dias santos, quando não se deve sair para a caça, que a sua atividade se intensifica. Mas há um meio de driblá-lo. O Caipora aprecia o fumo.
Caupe: É a deusa da beleza na mitologia tupi-guarani, conhecida como a Afrodite-indígena.
Chandoré: era um deus tupi-guarani que, segundo a lenda, foi mandado para matar o índio malvado Pirarucu, que desafiou Tupã, mas fracassou, pois Pirarucu se jogou no rio. Como castigo, o índio transformou-se no atual peixe.
Curupira ou Currupira - é uma figura do folclore brasileiro. Ele é uma entidade das matas, UM ÍNDIO, um anão de cabelos compridos e vermelhos, cuja característica principal são os pés virados para trás.
É um mito antigo no Brasil, já citado por José de Anchieta, em 1560. Protege a floresta e os animais, espantando os caçadores que não respeitam as leis da natureza, ou seja, que não respeitam o período de procriação e amamentação dos animais e que também caçam além do necessário para a sua sobrevivência, e lenhadores que fazem derrubada de árvores de forma predatória.
O Curupira solta assovios agudos para assustar e confundir caçadores e lenhadores, além de criar ilusões, até que os malfeitores se percam ou enlouqueçam, no meio da mata. Seus pés virados para trás servem para despistar os caçadores, que ao irem atrás das pegadas, vão na direção errada. Para que isso não aconteça, caçadores e lenhadores costumam suborná-lo com iguarias deixadas em lugares estratégicos. O Curupira, distraído com tais oferendas, esquece-se de suas artes e deixa de dar suas pistas falsas e chamados enganosos.
Sendo mito difundido no Brasil inteiro, suas características variam bastante. Em algumas versões das histórias, o Curupira possui pelos vermelhos e dentes verdes. Em outras versões tem enormes orelhas ou é totalmente calvo. Pode ou não portar um machado, e em uma versão, chega ser feito do casco de jabuti. (imagem abaixo)
Nhanderuvuçú (Tupã) é considerado Deus supremo na religião primitiva dos índios brasileiros que habitavam as terras tupiniquins atualmente chamadas Brasil.
Os exploradores portugueses descobriram essas terras em 22 de abril de 1500 e inicialmente as nomearam ilha de Vera Cruz. Depois, verificando que não era possível contornar a tal da ilha, concluíram em se tratar de um imenso território o qual passou a ser chamado Terra de Santa Cruz devido à forte influência religiosa em tudo o que nomeavam em suas viagens exploratórias. Depois, com a exploração e exportação para a Europa, do pau-brasil (madeira avermelhada como brasa) esse grande território passou a ser chamado Brasil.
Nhanderuvuçú não tem forma humana; a chamada forma antropomórfica é a energia que existe, sempre existiu e existirá para sempre, portanto Nhanderuvuçú existe mesmo antes de existir o Universo.
A única realidade que sempre existiu, existe e existirá para sempre é a energia a qual os índios brasileiros identificam como Nhanderuvuçú.
Características da energia:
A energia existia mesmo antes de existir a relatividade, antes do início do Universo.
A energia existia no caos sem tempo, sem espaço e sem nenhum tipo de velocidade, era o caos mas a energia sempre existiu.
Leis fundamentais da energia:
Energia não pode ser criada nem destruída.
Energia pode se transformar de uma forma de energia em outra.
Energia total do Universo não aumenta nem diminui; apenas tudo fica em constante transformação.
Para os índios brasileiros não catequizados e para outros brasileiros que nem índios são, essa religião continua sendo professada atualmente por muitos fiéis residentes no Brasil.
Dizem eles que o início do mundo foi muito semelhante ao que dizem as outras doutrinas de outras religiões estrangeiras.
Deus chama-se Nhanderuvuçú.
No princípio ele criou a alma, que na língua tupi-guarani diz-se "Anhang" ou "añã" a alma; "gwea" significa velho(a); portanto anhangüera "añã'gwea" significa alma antiga.
Nhanderuvuçú criou as duas almas e, das duas almas (+) e (-) surgiu "anhandeci", a matéria. Depois ele disse para haver lagos, neblina, cerração e rios. Para proteger tudo isso, ele criou Iara.
Depois de Iara, Nhanderuvuçú criou Tupã, que é quem controla o clima, o tempo e o vento, Tupã manifesta-se com os raios, trovões, relâmpagos, ventos e tempestades; é Tupã quem empurra as nuvens pelo céu.
Nhanderuvuçú criou também Caaporã, o protetor das matas, por si só nascidas, e protetor dos animais que vivem nas florestas, nos campos, nos rios, nos oceanos, enfim o protetor de todos os seres vivos.
Caaporã quando é evocado para proteger as plantas plantadas junto aos roçados dos índios é chamado por eles de forma carinhosa com o cognome de Ceci.
Caaporã, em língua tupi-guarani, significa boca da mata: "Caa = boca e Porã = mata"
Dizem as lendas que no meio dos animais protegidos por Caaporã apareceu mais um casal de animais.
A primeira mulher, Amaú e, o primeiro homem, Poronominare.
Quem segue esta religião, religião "Primitiva do Brasil", adora as formas de manifestações da energia, adora o Sol, os raios, os relâmpagos e o clima em geral, através da adoração de Tupã; adora as águas, a neblina, os rios, cachoeiras, lagos, lagoas, mares e oceanos através da adoração de Iara; adoram as matas, os animais e toda a natureza adorando Caaporã; evocam Ceci para proteger os campos plantados, a agricultura e as criações de animais domésticos.
Enfim, adoram o que existe de fato, adoram somente o que é realmente real, os fenômenos naturais, o clima, a natureza, apenas as coisas reais.
A religião "Primitiva do Brasil" (Primitiva, do latim "primitivu", primeiros tempos, princípio) não inclui nenhum personagem antropomórfico (forma humana) em suas crenças, apenas Poronominare e Amaú possuem essa forma, mas não são divinos; são animais também, e portanto, pertencem à Caaporã, o protetor de toda a natureza viva, e isso inclui todos os seres vivos, inclusive nós, os animais humanos.
Dizem: "A realidade é a única verdade em que podemos acreditar".
Os jesuítas, durante a catequese dos indígenas brasileiros, interpretaram equivocadamente "Anhangüera" com o significado de "diabo velho" ao invés de "alma antiga"; outro equívoco deles foi chamar Caaporã de "curupira", que é o mito de um demônio com forma de gente e com os pés ao contrário, criado segundo a imaginação no folclore dos colonizadores cristãos no Brasil, durante o processo da catequese destes índios.
Osvaldo Orico foi da opinião de que os indígenas tinham noção da existência de uma força, de um Deus superior a todos. Assim ele diz: "Tupã-Cinunga" ou "o trovão", cujo reflexo luminoso é tupãberaba, ou relâmpago cuja voz se faz ouvir nas tempestades; sua morada é o Sol.
Tupã representa um ato divino, é o sopro da vida, e o homem, a flauta em pé, que ganha a vida com o fluxo que por ele passa."
Primeiros humanos
Os humanos originais criados por Tupã eram Rupave e Sypave, nomes que significam "Pai dos povos" e "Mãe dos povos", respectivamente. O par teve três filhos e um grande número de filhas. O primeiro dos filhos foi Tumé Arandú, considerado o mais sábio dos homens e o grande profeta do povo Guarani. O segundo filho foi Marangatu, um líder generoso e benevolente do seu povo, e pai de Kerana, a mãe dos sete monstros legendários do mito Guarani (veja abaixo). Seu terceiro filho foi Japeusá, que foi, desde o nascimento, considerado um mentiroso, ladrão e trapaceiro, sempre fazendo tudo ao contrário para confundir as pessoas e tirar vantagem delas. Ele eventualmente cometeu suicídio, afogando-se, mas foi ressuscitado como um caranguejo, e desde então, todos os caranguejos foram amaldiçoados para andar para trás, como Japeusá.
Entre as filhas de Rupave e Sypave estava Porâsý, notável por sacrificar sua própria vida para livrar o mundo de um dos sete monstros legendários, diminuindo seu poder (e, portanto, o poder do mal como um todo).
Crê-se que vários dos primeiros humanos ascenderam em suas mortes e se tornaram entidades menores.
Os sete monstros legendários
Kerana, a bela filha de Marangatu, foi capturada pela personificação ou espírito mau chamado Tau. Juntos eles tiveram sete filhos, que foram amaldiçoados pela grande deusa Arasy, e todos, exceto um, nasceram como monstros horríveis. Os sete são considerados figuras primárias na mitologia Guarani, e enquanto vários dos deuses menores ou até os humanos originais são esquecidos na tradição verbal de algumas áreas, estes sete são geralmente mantidos nas lendas. Alguns são acreditados até tempos modernos em áreas rurais. Os sete filhos de Tau e Kerana são, em ordem de nascimento:
1 - Teju Jagua, deus ou espírito das cavernas e frutas
2 - Mboi Tu'i, deus dos cursos de água e criaturas aquáticas
3 - Moñai, deus dos campos abertos. Ele foi derrotado pelo sacrifício de Porâsý
4 - Yacy Yateré, deus da sesta, único dos sete a não aparecer como monstro
5 - Kurupi, deus da sexualidade e fertilidade
6 - Ao Ao, deus dos montes e montanhas
7 - Luison, deus da morte e tudo relacionado a ela
Outros deuses ou figuras importantes
1 - Angatupri, espírito ou personificação do bem, oposto a Tau
2 - Pytajovái, deus da guerra
3 - Pombero, um espírito popular de travessura
4 - Abaangui, um deus creditado com a criação da lua; pode figurar somente como uma adptação de tribos guaranis remotas
5 - Jurupari, um deus de adoração limitada aos homens, em geral apenas para tribos isoladas no Brasil.
Mito: A criação da Noite
Nas Aldeias de todo o mundo, nas terras dos índios, era sempre dia. Nunca havia noite, estava sempre claro. Os homens não paravam de caçar, nem as mulheres de limpar, tecer e cozinhar. O sol ia do leste ao oeste e depois refazia o caminho, ia do oeste ao leste, seguindo assim.
Mas teve um dia que o caso mudou. Quando Tupã, aquele que controlava tudo, havia saído para caçar, um homem muito curioso tocou no frágil Sol para saber como funciona. Então o Sol que dava luz e calor havia se apagado, havia quebrado em mil pedacinhos. Então as trevas haviam reinado na aldeia.
Tupã não se conformou com tal atitude do homem, e o transformou em um novo animal, que tinha as mão douradas como o Sol que brilhava. E deu-se o nome àquele bicho de macaquinho-de-mão-d'ouro. Tupã então tratou de refazer o Sol. Mas ele só ia ao oeste e não conseguia voltar. Então, criou assim a Lua e as estrelas para iluminarem a noite. E assim ia, o Sol ia até o poente, não voltava, e então vinha a Lua e as estrelas. Acabava a noite e o Sol voltava, sempre sorrindo.
Figuras da Mitologia Ameríndia Tupi-Guarani:
Abaangui: é o deus da lua. De acordo com a lenda, Abaangui tinha um nariz enorme que foi arrancado pelo próprio deus, lançando-o até o céu, criando, dessa forma, a lua.
Em outra versão da lenda, Abaangui era irmão de Zaguaguayu e tinha dois filhos. Cada um destes filhos atirou uma flecha até o céu, onde ficou fixada. Em seguida, cada um atirou uma flecha que entrou na primeira; e assim procederam, até formar duas correntes que iam do céu até a terra. Por estas correntes, subiram os dois filhos de Abaangui até chegarem ao céu, onde ficaram, transformando-se no sol e na lua.
Abaçaí: (segundo Teodoro Sampaio, do tupi a'wa-sa'i; "homem que espreita, persegue") é um gênio maléfico, de proporções gigantescas, que, na mitologia tupi, perseguia os indígenas e os tornava possessos.
Em outra definição, também na mesma mitologia, é um espírito que habita as florestas e convida a dançar, cantar e fazer festa, habitava os ermos das florestas e que possuía o indígena que se apartava de seu grupo, deixando-o em transe arrebatado, fora de si. Um espírito que a ótica dos europeus e da evangelização tentou transformar em "gênio maléfico", desconsiderando a necessidade de evasão tão presente na cultura de todo o mundo.
Andurá: Andurá é uma árvore fantástica que, à noite, se inflama subitamente, devido ao fogo das queimadas em tribos indígenas.
Angra (mitologia): a deusa do fogo na mitologia tupi-guarani.
Anhangá: Anhangüera supostamente "Coisa Ruim". Ele é o protetor da caça no campo e nas florestas; Anhangá protege todos os animais contra os caçadores, e quando a caça conseguia fugir, os índios diziam que Anhangá ou Anhangüera as havia protegido e ajudado a escapar.
Para os jesuítas catequizadores, Anhangá era comparado ao demônio da teologia cristã.
Anhum: É o Deus da música na Mitologia Tupi-Guarani, o Deus melodioso, que tocava divinamente o sacro Tare.
Ao Ao: também grafado como Aho Aho, é o nome de uma monstruosa criatura da Mitologia guarani. Um dos filhos de Tau e Kerana, é uma das figuras centrais da mitologia dos povos que falam o idioma Guarani, localizados historicamente no Paraguai, norte da Argentina e sul e oeste do Brasil. É frequentemente descrito como sendo uma voraz criatura parecida com um carneiro, com um grande conjunto de presas afiadas. Alternativamente, aparece como sendo um grande pecaminoso. O seu nome é derivado do som que faria ao perseguir suas vitimas. O primeiro Ao Ao teria uma enorme virilidade e por isso é identificado como o principio da fertilidade pelos guaranis. Produziu grande descendência igual a ele, e servem coletivamente como senhores e protetores das colinas e montanhas. É descrito, ainda, como sendo canibal devorador de gente. Embora sua descrição física seja claramente inumana, é meio humana por nascimento, então o termo canibal se aplicaria. De acordo com a maioria das versões do mito, quando localiza uma vítima para sua próxima refeição, persegue o infeliz humano por qualquer distância ou em qualquer território, não parando até conseguir sua refeição.
Se a presa tentar escapar subindo em uma árvore, o Ao Ao circundará a mesma, uivando incessantemente e cavando as raízes até a árvore cair. De acordo com o mito, a única árvore segura para escapar seria a palmeira, que conteria algum poder contra o Ao Ao, e se a vitima conseguisse subir em uma, ele desistiria e sairia em busca de outra refeição. O Ao Ao também teria a função de levar as crianças desobedientes para seu irmão, Yacy Yateré.
Aruanã (mitologia): é o deus da alegria e protetor dos carajás na mitologia tupi-guarani.
Boitatá : Boitatá é um termo tupi-guarani, o mesmo que Baitatá, Biatatá, Bitatá e Batatão, usado para designar, em todo o Brasil, o fenômeno do fogo-fátuo, e deste, derivando algumas entidades míticas, um dos primeiros registrados no país.
Caipora: Caipora é uma entidade da mitologia tupi-guarani. É representada como um pequeno índio de pele escura, ágil, nu, que fuma um cachimbo e gosta de cachaça. Habitante das florestas, reina sobre todos os animais e destrói os caçadores que não cumprem o acordo de caça feito com ele. Seu corpo é todo coberto por pelos. Ele vive montado numa espécie de porco-do-mato e carrega uma vara. Aparentado do Curupira, protege os animais da floresta. Os índios acreditavam que o Caipora temesse a claridade, por isso protegiam-se dele andando com tições acesos durante a noite. No imaginário popular em diferentes regiões do País, a figura do Caipora está intimamente associada à vida da floresta. Ele é o guardião da vida animal. Apronta toda sorte de ciladas para o caçador, sobretudo aquele que abate animais além de suas necessidades. Afugenta as presas, espanca os cães farejadores, e desorienta o caçador, simulando os ruídos dos animais da mata. Assobia, estala os galhos e, assim, dá falsas pistas, fazendo com que ele se perca no meio do mato. Mas, de acordo com a crença popular, é sobretudo nas sextas-feiras, nos domingos e dias santos, quando não se deve sair para a caça, que a sua atividade se intensifica. Mas há um meio de driblá-lo. O Caipora aprecia o fumo.
Caupe: É a deusa da beleza na mitologia tupi-guarani, conhecida como a Afrodite-indígena.
Chandoré: era um deus tupi-guarani que, segundo a lenda, foi mandado para matar o índio malvado Pirarucu, que desafiou Tupã, mas fracassou, pois Pirarucu se jogou no rio. Como castigo, o índio transformou-se no atual peixe.
Curupira ou Currupira - é uma figura do folclore brasileiro. Ele é uma entidade das matas, UM ÍNDIO, um anão de cabelos compridos e vermelhos, cuja característica principal são os pés virados para trás.
É um mito antigo no Brasil, já citado por José de Anchieta, em 1560. Protege a floresta e os animais, espantando os caçadores que não respeitam as leis da natureza, ou seja, que não respeitam o período de procriação e amamentação dos animais e que também caçam além do necessário para a sua sobrevivência, e lenhadores que fazem derrubada de árvores de forma predatória.
O Curupira solta assovios agudos para assustar e confundir caçadores e lenhadores, além de criar ilusões, até que os malfeitores se percam ou enlouqueçam, no meio da mata. Seus pés virados para trás servem para despistar os caçadores, que ao irem atrás das pegadas, vão na direção errada. Para que isso não aconteça, caçadores e lenhadores costumam suborná-lo com iguarias deixadas em lugares estratégicos. O Curupira, distraído com tais oferendas, esquece-se de suas artes e deixa de dar suas pistas falsas e chamados enganosos.
Sendo mito difundido no Brasil inteiro, suas características variam bastante. Em algumas versões das histórias, o Curupira possui pelos vermelhos e dentes verdes. Em outras versões tem enormes orelhas ou é totalmente calvo. Pode ou não portar um machado, e em uma versão, chega ser feito do casco de jabuti. (imagem abaixo)
Guaraci: ou Quaraci (do tupi kwara'sï, "sol") na mitologia tupi-guarani é a representação ou deidade do Sol, às vezes compreendido como dador da vida e criador de todos os seres vivos, tal qual o sol é importante nos processos biológicos. Também conhecido como Coaraci. É identificado com o deus hindu Brahma e com o egípcio Osíris.
Embora refiram-se às entidades e deidades tupis como "deuses", esta forma é incorreta, visto que não havia, de fato, esta noção de deus ou deuses entre os tupis e guaranis, mas sim de mitos históricos de cada povo.
Iara: Iara ou Uiara (do tupi 'y-îara "senhora das águas") ou Mãe-d'água, segundo o folclore brasileiro, é uma sereia. De pele morena clara e cabelos negros, tem olhos verdes e costuma banhar-se nos rios, cantando uma melodia irresistível (figura ao lado). Os homens que a vêem não conseguem resistir a seus desejos e pulam nas águas, e ela, então, os leva para o fundo do rio, de onde nunca mais voltam. Os que retornam ficam loucos e apenas uma benzedeira ou algum ritual realizado por um pajé consegue curá-los. Os índios têm tanto medo da Iara que procuram evitar os lagos ao entardecer.
Jaci: (do tupi îasy "lua"), na mitologia Tupi, é a deusa da Lua, protetora dos amantes e da reprodução. É identificada com Vishnu dos hindus e com Ísis dos egípcios.
Kurupi: é um deus mitológico guarani, filho de Tau e Kerana. "Curupira", "taiutú-perê", são sinônimos para este homúnculo que habita as florestas verdes e que, em noites de lua cheia, atormenta a vida dos índios e animais. Se alimenta de crianças e filhotes recém-nascidos e é reconhecido por seus gritos e gargalhadas malévolos. Costuma estuprar índios perdidos na floresta, assim como índias virgens, sendo que, se isto ocorrer em noites de lua nova, segundo a crença, será concebido um ser híbrido, pequenino e levado.
Luison: Conhecido na região Amazônica, bem como no norte de Mato Grosso, e outros países, como o Peru e Bolívia, é uma criatura da mitologia guarani, detentora do poder sobre a morte. Acredita-se que seja semelhante a um macaco de olhos vermelhos, com barbatanas de peixe e um enorme falo (de anta). Seu nome é derivado do nome de outra criatura mitológica, o lobisomem.
Mahyra: é um nome da mitologia indígena tupi-guarani, do grupo conhecido como Suruí. Seria o herói mítico, pai dos gêmeos Korahi e Sahi (o sol e a lua). São estes gêmeos que completam o trabalho de separação da natureza e da cultura, iniciados por Mahyra, o herói civilizador por excelência, pois foi ele quem roubou o fogo ao urubu e o deu aos homens.
Mairata: O mairata é um dos gênios cultuados pelos tupis.
Mapinguari: (ou Mapinguary) seria uma criatura coberta de um longo pelo vermelho vivendo na Floresta Amazônica. Segundo povos nativos, quando ele percebe a presença humana, fica de pé e alcança, facilmente, dois metros de altura. Seus pés seriam virados ao contrário, suas mãos possuiriam longas garras e a criatura evitaria a água, tendo uma pele semelhante a de um jacaré.
Monã: O Deus supremo dos índios das nações falantes de idiomas da família Tupi-Guarani é conhecido como Monã, que é o criador do mundo, do céu e da terra, dos seres vivos, ou seja, de tudo que existe. A crença em Deus é semelhante à crença cristã, portanto Monã é um Deus semelhante ao cristão, com todos os seus poderes.
A representação de Monã é como algo infinito. Para os índios das nações falantes das línguas tupi-guaranis não há noção de paraíso, nem céu, nem inferno, como nas crenças cristãs, e sim a "terra sem males" ou Ybymarã-e'yma, local para onde todos irâo e que eles perseguem como uma espécie de paraíso.
Nhanderuvuçu: Nhanderuvuçú (Tupã) é considerado Deus supremo na religião primitiva dos índios brasileiros que habitavam as terras tupiniquins, atualmente chamadas Brasil.
Parajás: Parajás, deusas Tupi-Guarani da honra, do bem e da justiça.
Rudá: na mitologia tupi, é o deus do amor, que vive nas nuvens. Sua função é despertar o amor dentro do coração dos homens. É identificado com o deus Shiva dos hindus e com o Hórus egípcio. Também é considerado deus do mar (figura ao lado).
Saci-Pererê : é uma lenda do folclore brasileiro e originou-se entre as tribos indígenas do sul do Brasil. Teve uma transformação com a chegada do negro ao Brasil quando foi incorporado ao folclore.
O saci possui apenas uma perna, usa um gorro vermelho e sempre está com um cachimbo na boca.
Inicialmente, o saci era retratado como um curumim endiabrado, com duas pernas, cor morena, além de possuir um rabo típico.
Com a influência da mitologia africana, o saci se transformou em um negrinho que perdeu a perna lutando capoeira; além disso, herdou o pito, uma espécie de cachimbo, e ganhou, da mitologia européia, um gorrinho vermelho.
A principal característica do saci é a travessura. Muito brincalhão, ele se diverte com os animais e com as pessoas; muito moleque, ele acaba causando transtornos como: fazer o feijão queimar, esconder objetos, jogar os dedais das costureiras em buracos e etc.
Segundo a lenda, o Saci está nos redemoinhos de vento e pode ser capturado jogando uma peneira sobre os redemoinhos. Após a captura, deve-se retirar o capuz da criatura para garantir sua obediência, e prendê-lo em uma garrafa. Diz, também, que os Sacis nascem em brotos de bambus; nestes, eles vivem sete anos e, após esse tempo, vivem mais setenta e sete para atentar a vida dos humanos e animais; depois morrem e viram um cogumelo venenoso ou uma orelha de pau.
Sumé: Zumé, Pay Sumé, Pay Tumé... é o nome de uma antiga entidade da mitologia dos povos Tupis, Guaranis. Sua descrição variava de tribo para tribo. Teria estado entre os índios antes da chegada dos portugueses e lhes havia transmitido uma série de conhecimentos. Além disso, seria o responsável pela introdução de alguns elementos básicos da alimentação indígena como a mandioca, o mate e a batata doce.
Os colonizadores católicos criaram o mito de que caracterizaria-se pela figura de um homem branco e barbado, que seria São Tomé. Os padres jesuítas associam esta figura ao apóstolo que é bastante conhecido por suas pregações ao redor do mundo, tendo visitado Ásia e América propagando a "boa nova". O apóstolo teria atingido as Índias Ocidentais seguindo a velha rota do cedro além-mar, praticada pelos cartaginenses (descendentes dos fenícios).
Teju Jaguaé conhecido como deus das cavernas, grutas e lagos na mitologia guarani. Ele tinha um corpo de lagarto e sete cabeças de cachorro; diziam que tinha o corpo muito grande, e por isso, andava se arrastando como um lagarto. Só comia frutas e mel.
Tupã: (que na língua tupi significa trovão) é uma entidade da mitologia tupi-guarani. Os indígenas rezam a Nhanderuvuçu e seu mensageiro Tupã. Tupã não era exatamente um deus, mas sim uma manifestação de um deus na forma do som do trovão. É importante destacar esta confusão feita pelos jesuítas. Nhanderuete, "o liberador da palavra original", segundo a tradição mbyá, que é um dialeto da língua guarani, do tronco linguístico tupi, seria algo mais próximo do que os catequizadores imaginavam.
Câmara Cascudo afirma que Tupã "é um trabalho de adaptação da catequese". Na verdade o conceito "Tupã" já existia: não como divindade, mas como conotativo para o som do trovão (Tu-pá, Tu-pã ou Tu-pana, golpe/baque estrondante), portanto, não passava de um efeito, cuja causa o índio desconhecia e, por isso mesmo, temia. Osvaldo Orico é da opinião de que os indígenas tinham noção da existência de uma Força, de um Deus superior a todos. Assim ele diz: "A despeito da singela ideia religiosa que os caracterizava, tinham noção de Ente Supremo, cuja voz se fazia ouvir nas tempestades – Tupã-cinunga, ou "o trovão", cujo reflexo luminoso era Tupãberaba, ou relâmpago. Os índios acreditavam ser o deus da criação, o deus da luz. Sua morada seria o sol.
Lenda: Reza a lenda que Jacy (Lua) e Iassytatassú (Estrela d'alva), combinaram visitar o centro da Terra. Quando foram atravessar o abismo, Caninana Tyiiba mordeu a face de Jacy. Jacy derramou suas lágrimas sobre uma plantação de mandioca. Depois disso, o rosto de Jacy ficou marcado para sempre pelas mordidas de Caninana. À partir das lágrimas de Jacy, surgiu o tycupy (tucupi), um molho de cor amarela extraído da raiz da mandioca brava, que é descascada, ralada e espremida (tradicionalmente usando-se um tipiti). Depois de extraído, o molho "descansa" para que o amido (goma) se separe do líquido (tucupi). Inicialmente venenoso devido à presença do ácido cianídrico, o líquido é cozido (processo que elimina o veneno), por horas, podendo, então, ser usado como molho na culinária.
Yacy Yateré: Jaci Jaterê (também grafado como Jasy Jatere em Guarani, e Yacy Yateré em espanhol) é o nome de uma importante figura da Mitologia guarani. Um dos sete filhos de Tau e Kerana, as lendas de Yacy Yateré são das mais importantes da cultura das populações que falam o idioma Guarani, na América do Sul.
Com um nome que significa literalmente pedaço da Lua, é único dentre os seus irmãos a não possuir uma aparência monstruosa. Usualmente é descrito como um homem de pequena estatura, ou talvez uma criança, aloirado e, às vezes, com olhos azuis. Tem uma aparência distinta, algumas vezes descrita como bela ou encantadora, e carrega um bastão ou cajado mágico. Como a maioria de seus irmãos, habita na mata, sendo considerado o protetor da erva-mate. Algumas vezes é visto como protetor dos tesouros escondidos.
Jaci Jaterê também é considerado o senhor da sesta, o tradicional descanso ao meio do dia, das culturas latino-americanas. De acordo com uma das versões do mito, ele deixa a floresta e percorre as vilas procurando por crianças que não descansam durante a sesta. Embora seja naturalmente invisível, ele se mostra à essas crianças, e àquelas que veem seu cajado, caem em transe ou ficam catalépticas. Algumas versões dizem que essas crianças são levadas para um local secreto da floresta, onde brincam até o fim da sesta, quando recebem um beijo mágico que as devolve a suas camas, sem memória da experiência.
Outras são menos claras, onde as crianças são transformadas em feras ou entregues ao seu irmão Ao Ao, uma criatura canibal que se alimenta delas. Muitas lendas Guarani têm muitas versões por serem apenas orais, mas está claro que a intenção é manter as crianças obedientes e sossegadas durante a sesta.
Como já foi dito, o poder de Jaci Jaterê vem de seu bastão mágico, e se alguém for capaz de tirar seu cajado, ele se atira ao chão e chora como uma criança pequena. Neste estado, se alguém perguntar pelos tesouros escondidos, recebe uma recompensa, lenda semelhante ao Leprechaun ou duende europeu.
Acredita-se que o Jaci Jaterê estivesse associado à lenda tupi do Saci Pererê, que por influências africanas e europeias acabou por se distanciar das características originais.
Yvy marã ey: é um mito indígena. Significa "terra sem males" ou "terra sem mal", em português. Segundo a lenda, neste lugar não haveria guerras, fome nem doença.
Foi um dos principais instrumentos de resistência utilizados pelo povo guarani contra o domínio dos espanhóis e portugueses. Os movimentos pela busca da "terra sem males" era articulado pelos pajés, que se intitulavam Karaís.
Em 1549, sofrendo com a colonização portuguesa, 15.000 índios partiram do litoral, rumos aos Andes, buscando a "terra sem males". Apenas 300 chegaram à Chachalpoyas, no Peru, onde, ao invés de bonança, foram capturados e presos.
O mito de yvy marã ey sobreviveu entre os guaranis mais aguerridos em suas crenças e sua cultura.
Fonte: http://www.espiritualismo.info/
Otimo texto, completo. Gosto bastante de pesquisar sobre nossa cultura antiga, pois para mim tem grandes histórias. Infelizmente as pessoas gostam mesmo é de uma cultura grega adaptada... Fazer o que, né? Valeu!
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