A ilha de Páscoa é uma ilha da Polinésia oriental localizada no sul do Oceano Pacífico (27º 09' latitude Sul e 109º 27' longitude Oeste). Está situada a 3.700 km de distância da costa oeste do Chile, sua população atual é de pouco mais de 20.000 habitantes, e sua capital é Hanga Roa. Famosa por suas enormes estátuas de pedra, faz parte da V Região de Valparaíso, pertencente ao Chile.
Em rapanui, o idioma local, é denominada Te pito o te henúa ("umbigo do mundo") e Mata ki te rangi ("olhos fixados no céu").
Seus 118 Km2 guardam um grande mistério: Uma exótica população de aproximadamente mil estátuas de pedra, com formas humanas. Como estas estátuas (de 16 a 90 toneladas, com até 10 m de altura) foram esculpidas e transportadas para os diversos recantos da ilha ainda é um enigma a ser desvendado.
O UMBIGO DO MUNDO
Páscoa é uma ilha vulcânica, seu território tem a forma triangular e é o pedaço de terra mais isolado do mundo, no limite da Polinésia Oriental. Sua origem consiste em três vulcões que emergiram do mar um junto ao outro, em tempos diferentes, nos últimos milhões de anos, e têm estado adormecidos ao longo da história de ocupação da ilha. O mais antigo deles é o Poike, que entrou em erupção há cerca de 600 mil anos, formando o canto sul do triângulo. A subsequente erupção deu origem ao Rano Kau, o segundo a emergir, formando o canto sudoeste da ilha. Por último, a erupção do Terevaka, localizado no canto norte do triângulo. A ilha ocupa uma área de 170 km2 e sua elevação é de 510 metros. A sua topografia é suave, sem vales profundos, exceto suas crateras e encostas íngremes e cones de escória vulcânica.
Os habitantes locais, segundo seus "descobridores", eram gentios paupérrimos, que moravam em cabanas de colmo, tendo como subsistência o que conseguiam colher da escassa vegetação e do mar.
Hoje se encontram para visitação na Ilha de Páscoa 670 estátuas e 240 templos. Existiam, no entanto, milhares de estátuas, algumas de dimensões gigantescas, destacando-se, entre elas, uma que mede 10 metros e pesa aproximadamente 90 toneladas e outra (semi-acabada) que atingiria 20 metros de altura. Naturalmente, tais estátuas não eram obra daqueles nativos. A Doutrina secreta atribui tal obra aos habitantes da Lemúria.
Os moais possuíam cabeças muito alongadas, braços pendendo ao longo dos troncos e salientes abdomens. Alguns deles apresentavam pesados blocos de pedra avermelhada (mais de 10 toneladas) sobre as cabeças (pukaos), em formato de chapéus.
A hipótese mais aceita hoje em dia assegura que os moais não representavam deuses, mas sim dirigentes políticos, espirituais e figuras antepassadas de prestígio - detentoras de poder sobrenatural (mana) que protegeria os habitantes da ilha.
Segundo uma lenda, os primeiros habitantes de Rapa Nui desembarcaram na praia de Anakena, vindos de Hiva (Marquesas e Mangareva), chefiados pelo grande soberano Hotu Matua.
As lendas contam detalhes de uma teocracia muito bem estruturada, com classes definida de sacerdotes, escultores, pescadores e agricultores.
Segundo estas lendas, o equilíbrio se rompeu porque a teocracia desviou cada vez mais a mão de obra produtora de alimentos para a construção destas obras gigantescas. Então ocorreu - segundo estas lendas - uma grande batalha entre os Hanau Eepe - orelhas compridas (a teocracia) e os Hanau Momoko (os trabalhadores) - ao longo do fosso de Poike, tendo como vencedores os Hanau Momoko - orelhas curtas. Como consequência, começam a faltar alimentos, pratica-se o canibalismo, e acontece a destruição de muitas obras arquitetônicas. A ilha tornou-se vulnerável e aconteceram muitas incursões escravagistas, e uma epidemia de varíola dizimou grande parte da população nativa.
Umas estranhas imagens em madeira
Demis Saurat escreve sobre o tema: "O mistério mais inquietante que mantém a ilha de Páscoa não está nas surpreendentes estátuas gigantes ou moais, mas nas numerosas estátuas menores esculpidas em uma madeira especial, chamada Toromuro, que foram primeiro tomadas como representações de mortos ou esqueletos. No entanto, um estudo médico muito preciso, baseado no estudo aprofundado das glândulas endócrinas, demonstrou que estas estátuas menores representam seres humanos vivos, mas em condições que a humanidade não parece haver conhecido ou praticado em outras partes". E conclui: "Estes homens se submetiam à disciplina divina tentando parecer-se aos insetos tanto quanto seu corpo o permitisse, buscando uma alma tão próxima a dos Deuses Insetos, quanto pudesse ser a alma humana".
Muitas teses para muitos mistérios que estão, todavia, em vias de ser descobertos. Por isso, parece oportuno estabelecer uma síntese das diversas informações para tratar de desenvolver um "panorama" da ilha de Páscoa, que permita adiantar uma nova hipótese, partindo de tudo o que sabemos do enigma pascoense e seus prolongamentos. Vamos ver o que era Rapa Nui em tempos de seu descobrimento e para isso é preciso revisar um mito do qual podemos partir: Terra Australis Nondum Cogtiite, A Terra Austral Desconhecida.
Os enigmáticos "moais" da ilha de Páscoa. Existem quase 600 disseminados por todos os lugares, e sua altura é muito considerável, superando quase sempre os seis metros.
Já expusemos, ainda que muito superficialmente, alguns dados da ilha de Páscoa. Dados sobre sua geografia, seu descobrimento, a possível origem de seus primeiros habitantes e alguns detalhes de seus misteriosos restos arqueológicos. Porém, ficou claro que ainda faltava muito por dizer.
Assim, vamos continuar tratando de revelar esses enigmas que esboçamos no tema anterior e sua possível mensagem.
"MANA", uma lenda fantástica
Já ficou anotado que um dos principais problemas que apresentava o estudo e a interpretação dos "moais" gigantes era o de explicar, de uma maneira racional, o modo de transportar as estátuas desde o lugar de sua construção até o lugar de localização.
Alguns pesquisadores que estudaram o assunto destacaram que os pascoenses podiam ter conhecido, há muitos milhares de anos, a utilização do plano inclinado e de complexos sistemas à base de cangalhas. Os pascoenses ignoram, ou simulam ignorar, alguma explicação que permita ater-nos a interpretações racionais. Dizem que as estátuas foram deslocados por "Mana", o que desconcerta e faz "graça" a todos os cientistas oficiais. De todos os modos, como aponta Francis Maziére: "é estranho que a resposta seja sempre a mesma. A crença no mana é muito importante e generalizada na Polinésia".
Para compreender melhor a ideia, citemos a H. Never Mann: "O mana descansa sobre a seguinte ideia: Tudo o que sobre a terra possui um poder especial é, em alguma forma, a "cópia" de um modelo criado no outro mundo, seja pelos deuses, no lendário país de Hawaiki, o paraíso, ou seja, pelo contrário, no mundo inferior. É assim que quando, por exemplo, um machado cortava particularmente bem, ou quando uma embarcação indígena (barca de flutuadores ou casco duplo) se "agarrava" muito bem ao mar, a única explicação possível era que em um desses países longínquos existia um machado ou uma embarcação do mesmo tipo, das quais as cópias terrestres derivam seu "mana". Assim o "mana", ainda que pareça manifestar-se espontaneamente, é sempre emprestado".
Uma ideia platônica?
Não "soa" isto à teoria platônica das ideias? Certamente, a crença no mana e a teoria platônica não são idênticas e não têm, tampouco, o mesmo significado, mas devemos admitir que existe entre ambas certa "semelhança familiar", que uma origem comum da cultura poderia explicar perfeitamente.
E mais surpreendente Jacques d'Ares dando-nos a conhecer a existência, no oceano Pacífico, de uma palavra "que qualifica uma força extrafísica, uma força vital", que ortografa MaNa. "Por que curioso azar - se pergunta - esta palavra tem a mesma raiz que as "Leis de Manú", Menés, Minos e o Minotauro, ou o Grande Manitú, nomes que têm direta relação com os grandes "instrutores" do mundo, isto é, com tudo o que nos vem do mundo invisível?"
Significado das letras M e N
Jacques d'Ares nota, de certa forma, que "as duas consoantes consecutivas, M, N, são encontradas na palavra inglesa MAN, que significa Homem, isto é, o que tem a "Chispa do Espírito Invisível", ainda estando constituído de matéria, caracterizados estes dois elementos pela letra N (o Desconhecido ou o Incognoscível, a divindade metafísica) e a letra M (a matéria ou Matéria Prima que representa o elemento negativo em relação com o positivo N). E por que o Homem que associa esses elementos espirituais (N) e materiais (M), e caracterizado com a MaNo, igual palavra por certo, que a Mana que sempre se MaNifestou por meio do Magnetismo, isto é, pela Mano...? E conclui:
"Na realidade, estamos longe da ilha de Páscoa, mas muito próximo do caminho das origens da HuMANidade". Segundo as informações recebidas por Maziere, somente homens possuiam o "mana" na ilha. Uma vez terminado o dificultoso entalhe das estátuas, "o rei lhes dava o mana para deslocá-las".
Os moais continham Mana
Segundo a tradição pascoense, o papel do "Mana" não somente era limitado ao deslocamento dos moais, mas também que este estranho poder habitava as estátuas chegadas a seu destino. Supõe-se que os gigantes de pedra adquiriam seu poder quando era colocado sobre suas cabeças o chapéu de pedra calcária, ou "pukao", e lhes abriam os olhos. Está comprovado que os moais do canteiro de Rano Raraku não tinham cavadas as órbitas de seus olhos. Mas quando eram colocados sobre o Ahú, lhes "abriam os olhos", fazendo alguns buracos na cavidade orbital, e lhes colocavam um olho de coral branco, marcando a íris com calcário vermelho. Em seguida, lhes tocavam com o "chapéu", e assim, as estátuas se convertiam em ídolos "carregados"; e por seus olhos abertos emanava o fluído do mana".
Foram utilizadas forças estranhas?
O assunto nos sugere muitas perguntas. Se pode pensar que alguns homens, em alguma época, puderam utilizar forças eletromagnéticas ou a força de antigravitação?
Podemos deduzir que as anomalias magnéticas que alguns navegantes detectaram e calcularam seu centro na ilha de Páscoa, se devem a alguma força nesta região do Pacífico, que os antigos sábios da ilha teriam dominado? Francis Maziere recolheu esta explicação da boca de um ancião sábio da ilha: "todos os moais do vulcão Rano Raraku são sagrados e olham uma parte do mundo sobre a qual têm o poder e a responsabilidade, é por isso que esta terra foi chamada o Umbigo do Mundo. Todos os moais que olham para o sul são diferentes. Vigiam a força dos ventos da Antártida e transmitem todos os seus poderes a uma enorme pedra vulcânica vermelha, que é o limite do Triângulo das ilhas do Pacífico" .
É esta pedra a que tem relação com as anomalias magnéticas que são produzidas nesta região? Mais adiante tentaremos responder à pergunta.
Outros surpreendentes achados em Páscoa
As estátuas e os Ahús, aos que também fizemos referência, não são os únicos monumentos erigidos pelos pascoenses.
Durante a expedição do norueguês Thor Heyerdahl, foi descoberto um observatório solar, baseado no princípio do Gnomom, que era um instrumento astronômico composto de uma vareta vertical que fazia sombra sobre uma superfície plana, ou uma placa furada que projetava uma imagem elíptica do sol, indicando os solstícios e os equinócios. Anteriormente, no século XIX, o explorador Thomson havia descoberto as ruínas de um grande templo, situado próximo dos vulcões Rana Roraca e Rana Rau. Este templo devia medir aproximadamente, uns 35 metros por 5, atendo-nos às pedras caídas no solo.
Os restos do grande templo
"Existiam ainda muros de dois metros de altura por outro tanto de espessura", nos explica Thomson. "Algumas pedras tinham esculpidas formas que eram símbolos utilizados na primeira religião do homem".
Existem também umas incríveis avenidas ladrilhadas que desaparecem no mar. Para a arqueologia oficial, estas calçadas somente seriam correntes de lava fendida ou rampas para barcos. Mas é difícil aceitar esta explicação tão simples, posto que em outros pontos da Polinésia, a muitos milhares de quilômetros de Páscoa, foram encontradas rotas similares. Segundo o arqueólogo americano Mckem, que as estudou detalhadamente, não pode duvidar-se de que se trata de rotas.
No arquipélago das Tonga, em Valewa, uma destas calçadas, de dois metros de largura, divide em duas partes a ilha: Outra rota está na ilha Vavau e sai da costa para subir em linha reta pela ladeira oeste do monte kafoa.
10.000 metros cúbicos de pedra, para quê?
Voltando ao explorador Thomson, este declarou, também, ter descoberto uma espécie de plataforma formada por imensas pilhas de pedra. Ao parecer, estes montões de pedras têm uns 10 metros de altura por 60 a 100 metros de comprimento, e cada um representava um volume de 6.000 a 10.000 metros cúbicos, e segundo suas palavras "estão dispostos para serem carregados para algum outro lugar, possivelmente para a construção de templos e palácios". Por sua parte, o professor Vincent faz alusão a uma das mais antigas lendas, recolhida em um antigo livro espanhol que dá conta da viagem do capitão Gonzáles de Haedo, em 1771, à ilha de Páscoa. Esta lenda mencionaria "a existência nesta ilha de pirâmides do Antigo Continente Pacífico, hoje cobertas pelos sedimentos do Dilúvio, como algumas pirâmides do México, por exemplo, a de Cholula". Falso ou verdadeiro? Somente as explorações e o estudo profundo poderão algum dia contestar a pergunta.
Restos de distintas épocas
Resumindo acerca da arqueologia da ilha, fica claro que em Páscoa coexistem vários tipos de monumentos. Uns são de construção relativamente recente, como os moais e Ahús do período clássico.
Podemos dizer que em sua concepção e em suas formas são tipicamente polinésios; no entanto, tudo é diferente e desmesurado e os indígenas os fazem possuidores do poder do mana. Os outros monumentos, considerados como os mais arcaicos, estabelecem muitos problemas mais sobre sua data de construção. Alguns pesquisadores estão chegando a considerá-los como os restos de uma civilização megalítica, cujas enigmáticas ruínas estão repartidas por todo o planeta.
As surpresas e as interrogativas na ilha de Páscoa nunca terminam, em especial porque não dissemos quase nada acerca do mais incrível dos mistérios: a escrita rongo-rongo.
Uma escrita indecifrável
O Rongorongo é uma escrita pictográfica, registrada em entalhes feitos em tabuletas de madeira e em outros artefatos da ilha. O sistema não é conhecido nas ilhas vizinhas. A explicação corrente é que o Rongorongo foi criado pelos nativos como imitação do sistema que espanhóis ali introduziram no século XVIII, em 1770. Entretanto, apesar desta alegada origem recente, nenhum arqueólogo ou linguísta conseguiu decifrar os documentos Rapanui.
Em 1864, o padre Joseph Eyraud tornou-se o primeiro não-ilhéu a registrar o Rongorongo. Ele escreveu antes do último declínio da sociedade da ilha: "Em todas as casas pode-se encontrar tabuletas de madeira e outros objetos com a escrita hieroglífica." Eyraud não pôde encontrar ninguém que pudesse traduzir os textos; o povo tinha medo de tratar do assunto por causa das proibições dos missionários.
Em 1886, William Thompson, do navio americano USS Mohican, em viagem na ilha, coletando objetos para o National Museum, de Washington, se interessou pela escrita dos nativos. Ele obteve duas raras tabuletas e conseguiu que um ilhéu traduzisse o texto. A transcrição obtida é um dos poucos documentos que podem servir de parâmetro para decifrar o Rongorongo.
Os estudos continuaram nas décadas seguintes. Em 1932, Wilhelm de Hevesy tentou encontrar uma conexão entre o Rongorongo e a escrita hindu. Ele havia encontrado correlação entre as duas escritas em 40 exemplos de símbolos mas suas conclusões não foram adiante. Em 1950, Thomas Barthel foi o primeiro linguista contemporâneo a se interessar pelo Rongorongo. Barthel estabeleceu que o sistema era composto de 120 elementos básicos que, combinados, formavam mil e quinhentos diferentes signos que representam objetos e idéias. A tradução é extremamente difícil porque, um único símbolo pode representar uma frase inteira. Uma grande conquista de Barthel foi identificar um artefato conhecido como Mamri como um calendário lunar.
As pesquisas mais recentes têm sido conduzidas pelo linguista Steven Fisher. Entre os muitos exemplares da escrita estudados por ele destaca-se uma peça que pertenceu a um chefe nativo da ilha. O objeto é coberto de pictografias. Estudando essas figuras, Fisher descobriu que as unidades de significação do Rongorongo são tríades, compostas de três signos. Um dos textos logo mostrou ser um canto religioso e o estudo de outros levou o linguista a concluir que todos os textos da Páscoa são relacionados a mitos da criação.
A escrita Rongorongo continua instigando os pesquisadores. Hoje, apenas 25 tabuletas e objetos sobreviveram à devastação do tempo. Antropólogos e arqueólogos têm esperança de conseguir traduzir os pictogramas que podem revelar o mistério dos Moais, as estátuas colossais da ilha. Há quem acredite que os Moais foram erigidos pelos últimos remanescentes do continente perdido da Lemúria que, de acordo com a tradição ocultista, abrigou a terceira humanidade ou Terceira Raça Humana, quando os homens eram "gigantes" semelhantes às estátuas.
Como Francis Maziere escreve: "estes ideogramas encerram uma força de pensamento, portanto de palavra, que nossa forma de transcrição não pode imaginar. Não existe dúvida de que estes ideogramas encerram em si mesmos toda a força de concentração e de vida que somente possuem os símbolos matemáticos, que estão sendo convertidos na única língua universal" .
Se atendemos a esta explicação de Maziere, como na ilha de Páscoa, que é uma das terras habitadas mais isoladas do resto do mundo, existiu uma linguagem tão complexa e esotérica que o único comparável são as abstrações da matemática moderna?
Influências da Ásia Central? Quem imaginou esta escrita? Os relatos dos indígenas afirmam que a escrita foi levada à ilha pelo rei Hotu-Matu'a. No entanto, isto estabelece um sério problema aos que afirmam que Hotu-Matu'a procedia das Marquesas e Mangareva, porque, em nenhuma outra terra polinésia se conserva a recordação destas tábuas. O primeiro indício do aparecimento de novas e mais racionais teses sobre a origem da escrita pascoense foi dado em 1894 pelo filólogo Lacouperie. Este pesquisador notou que existiam inexplicáveis e surpreendentes semelhanças entre os "glifos" descobertos na Polinésia e os pertencentes a culturas situadas na Asia central e sudeste.
A conexão com Mohenjo-Daro
Apesar da importância do descobrimento de Hevessy, não foi o primeiro achado importante que saíra das escavações em Mohenjo-Daro. Em 1921-22 e logo no ano 1927, sir Jhon Marshall e Rail Bahadur Daya surpreenderam o mundo com suas descobertas no vale do Indo declarando que haviam descoberto "uma civilização avançada e muito uniforme, muito próxima às civilizações contemporâneas da Mesopotâmia e do Egito, ainda que superior em alguns aspectos". Os descobrimentos feitos em Mohenjo-Daro e Harappa nos dão a descrição de seus habitantes do V ou IV milênio antes de Cristo e demonstram que estes habitantes desfrutavam uma cultura muito elevada. Quase sessenta anos depois da descoberta deste lugar fantástico, não se sabe quase nada sobre quem foram os autores da civilização do Indo, de onde vieram, nem para onde desapareceram até os anos 1800-1500 antes de Cristo.
Semelhanças muito difíceis de explicar
E aqui, novamente, o mais surpreendente de todo o encontrado: foram descobertos 2.000 selos talhados em esteatite, em seguida gravados e endurecidos ao calor, em Harappa e Mohenjo-Daro. Cada selo é uma representação de cenas mitológicas ou animais como búfalos, touros, cabras, tigres, etc. Também levam uma breve inscrição ao redor de uma vintena de sinais. Nem por meio de computadores conseguiu-se decifrar esta escrita. E este é o núcleo do assunto: sobre os 270 sinais registrados no Vale do Indo, 130 se parecem até confundir-se com os sinais escritos nas tábuas rongo-rongo da ilha de Páscoa. Também foi encontrado provável parentesco entre os ideogramas da ilha de Páscoa e os das Katuns, as inscrições do chamado "Codex Borbonicus", um dos livros aztecas mais antigos.
O método Barthel de decifração
O nome de Thomas Barthel é inseparável do enigma das tábuas pascoenses. Graças à profundidade de seus estudos sobre a cultura polinésia, este sábio pesquisador está reconhecido no mundo científico internacional como um dos que mais contribuiu ao conhecimento das antigas civilizações. Sem regatear meios nem tempo, Barthel começou estudando todos os sistemas de escrita primitivas conhecidas e seu modo de decifração. Detalhe a detalhe, conheceu todas as civilizações polinésias, suas migrações, suas culturas e suas possíveis procedências. Finalmente, reuniu todos os sinais "rongo-rongo" conhecidos e os catalogou. Este método lhe permitiu saber se era um sistema de tipo alfabético, como o nosso, ou pictográfico. Em seguida, comprovou que a escrita "rongo-rongo" tinha que ser incluída nesta segunda categoria, pois um alfabeto, em geral, não tinha mais de 30 sinais, enquanto que Barthel havia encontrado mais de 600 sinais nas tábuas pascoenses.
A literatura pascoense
Depois de anos de pesquisa, o Dr. Barthel chegou à conclusão de que "a escrita pascoense consiste em um sistema de notação de palavras chave, a partir das quais os Chantres rongo-rongo podiam criar salmodias e textos sagrados". Segundo Thomas Barthel os textos encerrariam contos e mitos pascoenses e polinésios, assim como detalhes de certos rituais. Outro pesquisador, Jean Bianco, que conhecia em todos os detalhes a obra de Barthel, notou que as descobertas do sábio alemão estavam demonstrando "que existe uma relação direta entre a mitologia polinésia e os conhecimentos astronômicos deste povo".
Decifrando algumas palavras
E o demonstra com exemplos como este: os glifos identificados por Barthel como um tubarão e dois pássaros unidos foram cantados por Meteoro assim: Kua Moe Te Ngoe e Erue Ra Manu. Bianco nota que Ngoe é um dos nomes que os pascoenses deram à Via Láctea. "Esta palavra é, então, o equivalente de mangueira, tubarão em pascoense. Ra Manu, dois pássaros, é o nome tahitiano da Cruz do Sul. Posso assim concluir que o conto das tábuas que fala do tubarão e de dois pássaros trata na realidade sobre a Cruz do Sul, que efetivamente está na Via Láctea”.
No entanto, depois de ter adivinhado a Via Láctea por trás do tubarão, quem será capaz de encontrar o sentido último desta escrita? Ainda que Barthel e Bianco, junto com outros pesquisadores, tenham razão de pensar que as tábuas relatam hábitos, costumes e lendas da ilha de Páscoa, isto nunca nos revelaria o sentido profundo que encerra cada sinal. Tampouco podemos explicar como uma cultura se preocupou tanto de restringir o conhecimento necessário para a interpretação dos sinais a um grupo de iniciados muito limitado, se somente se tratava de contos e lendas. Ao contrário, tudo faz supor que atrás destes contos e lendas está escondida uma verdade profunda e muito distinta à tradução literal das tábuas.
Alguns pesquisadores supõem que as tábuas constituíam os arquivos da ilha, sem poder explicar por que, mais se isto fosse certo, os pascoenses foram os únicos polinésios que possuíam arquivos.
A mensagem dos iniciados
Em toda a geografia de Páscoa existe sinais por decifrar, nas tábuas "rongo-rongo" e também sobre as pedras, sobre os moais e cantilados.
Foram encontrados muitos símbolos solares entalhados nas pedras e entre os mais reproduzidos está a "vulva".
A vulva identifica simbolicamente o sol como o loto. O sexo feminino e o masculino, o falo, tinham um grande papel na religião primitiva.
Sobre um moai que se encontra custodiado no Museu Britânico, foram contados, de cima para baixo, um círculo perfeito representando o sol, três traços curvos e unidos pelas bordas, com a concavidade para cima, símbolo de Mu e um M correspondente à escrita hierática desse continente. O culto solar desenvolvido na ilha de Páscoa é observado de maneira clara ao estudar a disposição e o caráter de seus monumentos.
Os descobrimentos do capitão Cook
O capitão inglês Cook, em seu "Diário", fala de "muitas pequenas pilhas de pedras dispostas em diferentes lugares ao longo da costa. Duas ou três pedras da ponta de cada pilha eram geralmente brancas".
O que o capitão Cook descobriu eram autênticas construções iniciáticas, dedicadas ao culto do sol e se sabe que o branco era a cor inicial por excelência.
Quanto aos símbolos propriamente ditos, o reproduzido com maior frequência na ilha de Páscoa e que parece ter sido o de mais influência sobre os indígenas é o do Homem-Pássaro, e portanto o ovo.
As pirâmides, menires e os obeliscos são monumentos que representavam os raios do sol petrificados. O significado atribuído aos menires, unanimemente aceito, é um significado solar e fálico. Esta religião solar é o culto mais antigo que se conhece, pois a construção de menires constitui o primeiro exemplo conhecido da arte universal e já citamos que se encontram repartidos por todo o planeta, desde a Bretanha até a Terra do Fogo, passando pela Africa, China, India e Mongólia. Assim pois, podemos considerar o culto solar como a religião do Deus Único. René A. Foatelli decompõe a palavra ahú em "A Hu", sendo Hu o grande deus celta e A uma vogal solar.
Também Marcel Homet acrescenta: "As estátuas da ilha de Páscoa são menires, associados a Crom, deus solar, e os altares de pedra vulcânica são chamados Tepl. Então, pode ser deduzido que, na Polinésia, a identidade entre os deuses Crom e Rá é completa".
Esta seria a religião da raça original, da que procederiam os caucasianos. Ninguém pronunciava seu nome, mas o do símbolo de todos os seus atributos: o Sol ou Rá.
As tradições do "Império do Sol"
Os habitantes da ilha de Páscoa afirmam que, em tempos remotos, sua terra era muito maior, e já dissemos que, de maneira mais geral, em todas as ilhas do Pacífico se recorda uma "grande terra" que submergiu no mar. O professor Louis-Claude Vincent diz: "Existe um evidente parentesco entre todas as populações das ilhas do Pacífico, apesar do mútuo isolamento. Estas populações descendem da mesma raça e falam as mesmas línguas. Isto seria explicado se fosse verdade que estas ilhas são somente as partes elevadas de um mesmo grande continente submerso e teriam servido de refúgio a uma reduzida parte da população".
Um vestígio do continente MU? E Serge Hutin acrescenta: "A ilha de Páscoa e Califórnia seriam os mais importantes vestígios geológicos do continente austral desconhecido: MU, o Império do Sol".
Já mencionamos anteriormente as teses sobre a possível existência do continente MU e a seu primeiro e mais importante pesquisador, o coronel Churchward.
Os dados aparecidos em suas obras não deixam de ser precisos. "Sabemos que estava povoada por sessenta e quatro milhões de habitantes e se estendia desde o norte do Hawai até o sul. Uma linha traçada entre a ilha de Páscoa e as Fidji formava seu limite meridional". Sua extensão era de 8.000 quilômetros de leste a oeste e de 5.000 de norte a sul. "A raça dominante em MU era branca, as pessoas eram belas, de pele clara ou dourada, de grandes olhos doces de cor escuro e cabelos pretos delgados e corredios". Eram os adoradores do sol, a raça mais antiga, cujos vestígios ainda não foram decifrados.
Aparece novamente o Dilúvio
Sobre o "quando" do afundamento, os arqueólogos e os oceanógrafos, fundando-se no estudo dos sedimentos e fósseis, deram uma data aproximada entre o VII e VIII milênio antes de Cristo, data que coincide com o primeiro que sabemos da pré-história da Oceania. No que diz respeito ao "como" foi produzido o desaparecimento do continente MU, são apontadas duas hipóteses.
A primeira é que a causa do desaparecimento do continente foi produzida pelo Dilúvio. Sobre este tema falamos mais amplamente em números anteriores, mas aqui queremos acrescentar que a possível realidade de Dilúvio está sendo testemunhada por um grande número de descobertas arqueológicas e geológicas, e também pela universalidade das tradições que a relatam.
Em seu livro "Os grandes enigmas do universo", Richard Henning escreve:
"A Asia oferece quase treze relatos diferentes sobre o Dilúvio, a África cinco, Austrália e Oceania nove, dezesseis na América do Norte, sete na América Central e quatorze na América do Sul".
A queda da Estrela de Baal
O professor Andrée Capard, oceanógrafo e diretor do Instituto Real de Ciências Naturais da Bélgica, estima que o "Dilúvio verdadeiro foi um fenômeno em escala de planeta e podemos afirmar que teve lugar no ano 6.500 antes de Cristo". Como podemos observar, esta data coincide plenamente com a que já apontamos acerca do desaparecimento de MU.
Quanto à segunda tese, a resposta é fantástica. A primeira vez que se falou da Estrela de Baal foi em 20 de novembro de 1912 em um periódico americano, no qual o Dr. Paul Schliemann contava a história da herança recebida de seu avô, o descobridor de Tróia.
Entre os documentos legados, existia um manuscrito caldeu encontrado em um templo budista de Lhasa, no Tibete. O manuscrito falava, pela primeira vez, da Estrela de Baal. "Quando a Estrela de Baal caiu no lugar no qual agora somente existe água e céu, as sete cidades tremeram e tremeram suas torres de ouro e seus templos transparentes. Então uma torrente de fogo e de fumaça se elevou desde os palácios. Os soluços dos moribundos e os gritos da multidão enchiam o ar. Os homens, carregados de riquezas, e as mulheres, cobertas com seus melhores vestidos, gemiam: "Mu, salva-nos". E Mu respondia: "Morrereis todos com vossos escravos, vossa corrupção e vossos tesouros. De vossas cinzas nascerão novos povos ... Mas se estes povos esquecerem que devem dominar as coisas materiais não somente para engrandecer-se, mas também para não ser possuídos por elas, lhes espera a mesma sorte ... "
Poderia ter sido um grande meteorito de Vênus
Tradicionalmente, esta estrela foi identificada com o planeta Vênus. Ainda que é evidente que este planeta não caiu sobre o Pacífico, muitos pesquisadores pensam que pode ter sido um grande meteorito que, ao separar-se e cair, teria causado o Dilúvio.
Este acontecimento, segundo os especialistas, foi produzido ao redor do VIII milênio antes de Cristo, coincidindo novamente com o que sabemos do Dilúvio.
Após ter visitado as ilhas Marquesas, no ano 1956, Francis Maziere escreve: "As últimas pesquisas americanas deixam entrever a importância do continente de MU. O desaparecimento deste continente seria devido ao choque de um enorme fragmento desprendido de um planeta, que teria produzido a inversão dos pólos ... "
Uma translação do equador
Segundo o professor Vincent, que estudou todas as tradições referentes a uma "estrela", "o equador passava antes pelo pólo norte atual e, subitamente, foi passar pelo equador terrestre atual". Este fato ficou confirmado pelas análises efetuadas na argila dos "antigos" vasos etruscos: foi constatado por esses vasos que haviam sido "cozidos" quando "estavam mais próximo do pólo magnético sul". Esta opinião também foi confirmada por aparentes equívocos em certos calendários dos índios americanos. Se os pólos não ocupam o mesmo lugar que antes do Dilúvio, o movimento do Sol aparece invertido para um observador moderno que consulte um destes calendários.
Também podemos observar que se é verdade que algumas tábuas "rongo-rongo" falam das estrelas, alguns destes contos podem referir-se à Estrela de Baal.
Mas para decifrar este e outros enigmas vamos conhecer como chegaram os náufragos do continente MU à ilha de Páscoa e outras ilhas polinésias.
O longo caminho dos iniciados
Podemos pensar que estes sábios iniciados de MU souberam com tempo a catástrofe que se aproximava, ao observar a Estrela de Baal, em direção à órbita de Vênus. Então puderam reagrupar-se e abandonar sua terra para dirigir-se a uma primeira escala de sua viagem: Austrália. Esta tese vem avaliada, muito firmemente, porque recentes escavações, datadas com radiocarbono, nos falam de atividade humana organizada nesta terra, entre os anos 8500 e 9000 antes de Cristo.
Outros sobreviventes chegaram às costas do continente asiático e outros mais à América. Assim são explicadas as afinidades culturais que temos vindo mencionando e as semelhanças entre a ilha de Páscoa e América do Sul.
Aproximadamente 4000 anos depois, sob a pressão dos povos indígenas, primitivos e guerreiros, os descendentes de MU se dirigiram para o vale do Indo e fundaram Mohenjo-Daro e Harappa.
Existe influências musicais chinesas
Passaram 2.500 anos, durante os quais, os iniciados de MU empreenderam contatos e relações culturais com outros sábios e artistas de outras civilizações, e em especial com o poderoso império da China. Isto está confirmado pela presença de influências chinesas na ilha de Páscoa. Por exemplo, a música da ilha de Páscoa não se parece em nada ao resto das músicas polinésias, mas nos recorda música tipicamente chinesa e indiana arcaicas.
Por outra parte, está o costume de alongar as orelhas, que é atribuído aos iniciados de MU e que parece foi assimilada na China, dando lugar às lendas que descreviam as orelhas grandes como sinais de inteligência e longevidade. Em Mohenjo-Daro e Harappa foi organizada a vida desses brancos descendentes da primeira raça. Para não esquecer a catástrofe que haviam sofrido, os sacerdotes de MU trataram de conservá-los de forma escrita em cadernos. Estes manuscritos continham todos seus conhecimentos, tanto espirituais como científicos, e também conservaram neles todos os ritos e lendas que conheciam.
Perto de 1800 e 1500 antes de Cristo, a cidade de Harappa foi brutalmente atacada por invasores que procediam do oeste. Também os habitantes de Mohenjo-Daro tiveram que desaparecer, tratando de evitar um enfrentamento que teria comprometido a missão confiada por seus antepassados. Os descendentes da primeira raça escolheram o oceano para continuar sua viagem e assim começaram as migrações polinésias, uns 2.000 anos antes de Cristo. A população de Mohenjo-Daro já apresentava amostras de mestiçagem, e assim continuou ocorrendo na Melanésia e Micronésia.
Entre estes marinheiros que empreenderam a ocupação das ilhas da Polinésia estavam os guardiães da tradição.
Os guardiães da tradição?
Parece ser que constituíam um grupo à parte, que iam acompanhados de alguns poucos profanos que faziam às vezes de tripulação e servidores. Os iniciados estiveram nas Marquesas e desde ali alguns prosseguiram viagem a Pitcairn, mais próxima à ilha de Páscoa, permanecendo ali até o ano 500. Isto é testemunhado pela existência de um grande templo solar e grande quantidade de petroglifos com figuras humanas, pássaros e outros animais e figuras geométricas, tais como círculos e estrelas, em uma minúscula ilha de 4,5 a 3 km. Talvez a ilha de Pitcairn tenha ficado pequena para eles, o certo é que os sábios reuniram seus arquivos e se dirigiram em busca de um santuário, no fim do mundo, que ocultasse melhor os segredos de uma raça desaparecida. Assim, poderíamos explicar porque a ilha de Páscoa, à qual chegaram finalmente, depois das etapas nas Marquesas e Pitcairn, é a única ilha da Polinésia que possui escrita e supostos arquivos. Quando estiveram estabelecidos na ilha de Páscoa, os descendentes de MU começaram a construir monumentos, ahús e moais para celebrar os ritos religiosos de seus antepassados e preservar sua recordação. Infelizmente, próximo do ano 1000, alguns homens desembarcaram na ilha. Vinham do oeste e eram também polinésios. Animados de um espírito de conquista, traziam à cabeça um rei chamado Hotu-Matua. Não se sabe exatamente de onde vinham, mas se pode supor que procediam das Marquesas ou de Mangareva e não do leste, ou seja da América do Sul, como supôs Thor Heyerdahl.
O fim dos antepassados poderosos
Os iniciados trataram de conviver com os invasores, impondo-lhes a construção dos moais sagrados da época clássica. "As orelhas eram de um comprimento desmedido", notavam, sem exceção, os primeiros visitantes que recebeu a ilha na época de seu descobrimento. E com razão pois, já dissemos, supunha-se que estas estátuas representavam os amos da ilha, sábios possuidores da tradição e do poder do mana.
Recordemos novamente que os pascoenses afirmam que essas estátuas são retratos de antepassados poderosos, que em vida haviam possuído o poder do mana e podemos pensar que cada moai representava a cada um dos sábios.
Fonte:
Grandes Enígmas nº 10 - Páscoa um ensaio do Fim do Mundo - Editora Século Futuro
Extraído dos sites: http://www.espiritualismo.info/
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