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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Obesidade II








A Fome de Afeto e Prazer dos Obesos


O campo psicodinâmico é um elo importante na engrenagem do comportamento alimentar, posta em funcionamento a partir dos momentos iniciais da vida. As primeiras sensações de prazer vividas pelo recém-nascido ligam-se intimamente à satisfação das necessidades alimentares. Ao sentir fome, dor ou qualquer outra sensação desagradável, a criança entra em estado de tensão que só desaparece quando a causa do desconforto é abolida.

A tensão causada pela fome é eliminada com a ingestão de alimento e substituída pela sensação de prazer. Eis finalmente o equilíbrio restabelecido, e o bebê volta a dormir. É a fase oral em toda a sua plenitude, que ao longo da existência se manifestará através de comportamentos/afetos, variando em função da estruturação do ego de cada indivíduo.

Através da satisfação da necessidade alimentar, o indivíduo vai se relacionando com a mãe ou substituta, e dessa forma se estabelece entre eles um tipo de comunicação com matizes afetivos, importantíssimos para o desenvolvimento do pequeno ser.

Após esse primeiro período de alimentação que se realiza sem regra que não seja a satisfação da necessidade fisiológica, passa à fase na qual estão presentes convenções e, consequentemente, restrições. O ato da alimentação individualiza-se: cada pessoa adquire um padrão pleno de significados afetivos e acompanhado de necessidades e tensões.

Quando as necessidades corporais manifestadas e as reações do organismo para satisfazê-las são perturbadas de alguma forma, seja por falta de cuidados, seja por doenças, ou pela proteção excessiva de uma mãe ansiosa, estabelece-se na criança a conduta alimentar “confusa”. Se não há adaptação ao mundo exterior e à vida em conjunto, seus mecanismos reguladores, frágeis e incompletos, podem desregular-se.

Além disso, um outro aspecto representado pelas características culturais de cada grupo humano exerce influência sobre o fator alimentar e, em consequência, com relação ao peso corporal. Desse aspecto cultural depende a valorização que se dá aos alimentos e o sentido de compensação usufruída através deles.

Muitas pessoas ingerem alimentos quando se encontram sob tensão de algum problema grave, ou quando se sentem sós e segregados do meio social. O alimento, nesses casos, se transforma em substitutivo do amor, satisfação e segurança. Existe mesmo a chamada “síndrome dos comilões noturnos”, em que as pessoas alimentam-se pouco durante o dia, mas têm apetite voraz à noite. Quando tentam diminuir o peso, apresentam sintomas de forte tensão emocional.

Além disso, principalmente entre as mulheres, existe o desejo inconsciente e profundamente agressivo de deformar o seu corpo dos padrões de beleza e feminilidade. Representa, muitas vezes, autoflagelação como resposta à vida, emoldurada pela intensa “menos-valia” oriunda por não alcançar metas projetadas e avaliadas como importantes, tais como “aquele” casamento, a maternidade, sucesso profissional, entre outros.

Certos fatores podem funcionar como desencadeantes da obesidade, mas às vezes se corre o risco de ligar indevidamente a obesidade a certas situações problemáticas.

Um indivíduo infeliz no casamento, por exemplo, à medida que se intensifica o estado de tensão criado pelo desequilíbrio doméstico, pode engordar excessivamente. Aquilo que se poderia considerar como causa do repentino aumento de peso, poderia também ser apenas um fator desencadeante de uma tendência a responder, através da polifagia, às frustrações intensas. Nada mais do que uma forma peculiar de reação.

A análise do entrosamento familiar das pessoas obesas revela frequentemente dificuldades no relacionamento com a figura masculina (o pai), quando considerada pela família como ausente. A mãe, por sua vez, apresenta-se como pessoa sofredora, incapaz de amar, que se utiliza de mecanismos de superproteção traduzidos pela alimentação exagerada para os filhos e para si mesma. É a maneira pela qual os portadores desse tipo de personalidade compensam frustrações.

É claro que o relacionamento familiar dos obesos portadores de distúrbios emocionais pode ter aspectos diversos. Mas, basicamente, caracteriza-se por inter-relações insatisfatórias e imaturas.

Ao se estabelecerem regimes de emagrecimento, os aspectos da personalidade do indivíduo desempenham papel fundamental. Deles dependem, com efeito, o andamento do processo e também suas possibilidades de êxito. Nesse raciocínio, o ideal seria se pudessem descobrir o porquê de o paciente ter tido necessidade de ser gordo. A gordura adiposa muitas vezes convive com a magreza afetiva.

Sejam quais forem as suas origens, razões e porquês, o obeso, antes de tudo, armazena gordura, água, ressentimentos, desamores, desencontros na vida, além de afeto e desejo de prazer. A necessidade de guardar – pode ser que depois não tenha mais! – faz com que ele armazene as suas gorduras como se, avaramente, guardasse Amor e Afeto para períodos carentes desses “quitutes”, carência em que vive, às vezes, por toda a vida. 





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