Seicho-No-Ie (Lar do Progredir Infinito, numa tradução livre) é uma filosofia/religião de origem japonesa. Monoteísta, enfatiza o não sectarismo religioso, as práticas de gratidão à família e a Deus, e o poder da palavra positiva que influencia na formação de um destino feliz.
História
Surgiu em 1º de março de1930 e cresceu no pós-guerra no Japão, quando a sociedade japonesa viu desmoronar a religião oficial do Estado, baseada na crença na divindade do imperador e uma das bases da ideologia militarista. Nesse vácuo ideológico e espiritual surgiram ou cresceram inúmeras seitas e religiões, entre elas a Perfect Liberty, a Igreja Messiânica Mundial (Johrei), Seicho-No-Ie, etc.
A Seicho-No-Ie foi fundada por Masaharu Taniguchi (1893–1985) e se mundializa a partir da II Guerra Mundial. Seu conjunto doutrinário incorpora elementos da ciência, do cristianismo, do budismo e do xintoísmo.
É importante mencionar que a Seicho-no-Ie, na contramão de suas consortes, estava em sintonia com a ideologia do nacionalismo oficial japonês. A professora Leila Marach Albuquerque afirma que a Seicho-no-Ie foi elaborada à luz da ideologia familista do Império japonês (ALBUQUERQUE, 1999, p.32). A doutrina preza pelo respeito às hierarquias, tanto no âmbito privado (o modelo patriarcal do ie) quanto público (submissão ao Imperador). Predominava ainda a idéia de que o Japão seria o "centro ordenador do mundo" (chûchin kiitsu) e o Imperador a pedra angular do Império e mundial (MAEYAMA, 1967, p.58). Pela grande população de imigrantes japoneses, as novas religiões chegaram quase que simultaneamente ao Brasil. Em pouco tempo conseguiram grande número de adeptos, não só entre os descendentes de japoneses mas entre toda a população em geral.
A Seicho-No-Ie, em particular, conseguiu grande número de adeptos. Entre os instrumentos de disseminação de sua crença, a revista Acendedor e o Preceitos Diários (calendário com mensagens) se tornaram bastante populares nas grandes cidades brasileiras, principalmente nas décadas de 60 e 70 do século XX. Nota-se o papel da religião como meio de negociação da cultura religiosa japonesa e a cultura brasileira. O periódico Acendedor, em suas primeiras edições (1960), enfatiza a necessidade de cooperar com o progresso nacional (ideologia do progresso do Estado Militar), o que implicava em respeitar a hierarquia e se abster de ideologias que representassem alguma ameaça à ordem nacional, nesse caso o pensamento de esquerda (SILVEIRA, 2008,p.102).
A doutrina da Seicho-no-Ie, portanto, enfatiza o respeito às hierarquias não só como simples meio de acomodação à situação política e cultural do Brasil, mas também devido a utensilagem religiosa da doutrina que, como dito antes, foi fortemente marcada pela ideologia do Xintoísmo de Estado. Atualmente, a Seicho-No-Ie conta com divulgação através de publicações tais como as revistas Fonte de Luz, Pomba Branca, Mundo Ideal e Querubim; Jornal Círculo de Harmonia; Preceitos Diários e Programas de TV, rádio e website.
Sua origem cerimonial é ligada principalmente ao Xintoísmo, sendo também seus rituais como batismo e casamento, do qual é talvez o melhor representante fora do Japão. Entretanto, na Seicho-No-Ie é prevista a liberdade e adaptação de cerimoniais à cultura local.
A partir da década de 90, a Seicho-No-Ie lança, oficialmente, uma nova bandeira, o "Movimento Internacional de Paz pela Fé" (Internacional Peace by Faith) que tem como objetivo, através da fé em Deus único e universal, despertar a paz em cada pessoa e, assim, concretizá-la no mundo.
O conjunto doutrinário da Seicho-no-Ie amalgama tradições xintoístas, cristãs, budistas entre outras. Predomina, a exemplo da outras Novas Religiões Japonesas, elementos da religiosidade nipônica que ressemantiza o pensamento ocidental.
Principais ensinamentos da Seicho-No-Ie:
A Verdade essencial da Seicho-No-Ie é: "O Homem é Filho de Deus" e, sendo assim, é herdeiro de todas as dádivas dele. Basta apenas que se conscientize disso para manifestar no mundo fenomênico (mundo material) a sua perfeição.
Práticas adotadas pelos praticantes da Seicho-No-Ie:
Prática de atos de amor e caridade;
Leitura de Sutras Sagradas e palavras da Verdade;
Prática da Meditação Shinsokan (que, numa tradução livre, significa "ver e contemplar Deus").
A Seicho-No-Ie também estuda as "leis mentais", das quais se destaca a lei "Os semelhantes se atraem" (Lei da Atração).
Normas Fundamentais dos Praticantes da Seicho-No-Ie:
1ª) Agradecer a todas as coisas do Universo;
2ª) Conservar sempre o sentimento natural;
3ª) Manifestar o amor em todos os atos;
4ª) Ser atencioso para com todas as pessoas, coisas e fatos;
5ª) Ver sempre a parte positiva das pessoas, coisas e fatos, e nunca as suas partes negativas;
6ª) Anular totalmente o ego;
7ª) Fazer da vida humana uma vida divina e avançar, crendo sempre na vitória infalível;
8ª) Iluminar a mente, praticando a Meditação Shinsokan todos os dias, sem falta.
Verdade Vertical e Verdade Horizontal:
Verdade Vertical: Só Deus e o que Ele cria existem verdadeiramente, ou seja, não tem início nem fim, é eterno, infinito (Ele é o Bem, o Criador, a Verdade, a Imagem Verdadeira, etc.). Como o homem também é criação de Deus, ele possui a mesma natureza infinita de Deus. Daí vem a principal convicção do adepto da Seicho-No-Ie: "O Homem é Filho de Deus". Todas as demais coisas não "existem" porque não têm essa mesma natureza infinita de Deus. Elas são, portanto, apenas manifestações temporárias da mente humana.
Verdade Horizontal: O mundo fenomênico é projeção da mente humana; o mal não existe, ou seja, tem início e fim, é efêmero, não é eterno, é finito (ele é apenas criação da mente humana). Da mesma forma, a doença, a morte, o envelhecimento e os pecados também não existem porque são derivações desse mesmo mal (ilusões da mente humana).
Fonte: Wikipédia.
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