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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Lendas Celtas Irlandesas VII



Batalha de Mag Tuired

Ora, quando chegou a hora da grande batalha, os Fomorianos marcharam para fora de seu acampamento e se colocaram em formações de fortes e indestrutíveis batalhões. Não havia um chefe, nenhum guerreiro hábil entre eles sem uma armadura contra sua pele, um capacete na cabeça, um comprida lança em sua mão direita, uma pesada e afiada espada em seu cinto, um forte escudo sobre seu ombro. Com o intuito de atacar as hostes dos Fomorianos até que o dia estivesse "batendo a cabeça contra a pedra," estivesse "a mão no ninho da serpente," estivesse "a face próxima ao fogo."

Estes eram os reis e os líderes que encorajavam as hostes Fomorianas: Balor, filho de Dot, filho de Net, Bres mac Elathan, Tuire Tortbuillech mac Lobois, Goll e Irgoll, Loscennlomm mac Lommgluinigh, Indech mac De Domnann, rei dos Fomorianos, Ochtriallach mac Indich, Omna e Bagna, Elatha mac Delbaith.

No outro lado, os Tuatha De Danann levantaram e deixaram seus nove companheiros guardando Lug, e foram se unir a batalha. Mas quando a batalha sucedeu, Lug escapou da guarda nomeada sobre ele, como um combatente de carro de guerra, e assim foi ele que estava em frente aos batalhões dos Tuatha De. Então uma afiada e cruel batalha foi disputada entre a raça dos Fomorianos e os homens da Irlanda.

Lug encorajava os homens da Irlanda a lutar e batalhar ferozmente assim eles não ficariam em cativeiro nem mais um minuto, porque seria melhor para eles encontrar a morte enquanto defendiam sua terra natal do que em cativeiro e sob impostos como eles estavam. Então Lug cantou um feitiço, mudando de um lugar para o outro os homens da Irlanda em um pé só e com um olho fechado.

As hostes deram um grande grito a medida que iam para a batalha. Então elas se encontraram, e cada uma delas começou a golpear a outra.

Muitos belos homens cairam ali nas tendas da morte. Grande era o massacre e o grande embuste que aconteceu ali. Orgulho e vergonha ali estavam lado a lado. Havia raiva e indignação. Abundante era o rio de sangue sobre a pele clara de jovens guerreiros mutilados pelas mãos de homens destemidos enquanto corriam do perigo da desonra. Pungente foi o barulho feito pela multidão de guerreiros e campeões protegendo suas espadas e escudos e corpos enquanto outros os golpeavam com lanças e espadas. Pungente também o tumulto em todo lugar no campo de batalha, a gritaria dos guerreiros e o confrontar de brilhantes escudos, o tilintar de espadas e punhos de espadas de marfim, o ruído e chacoalhar das aljavas, o sussurar e zunir das lanças e dardos, as pancadas estraçalhando as armas.
À medida que eles cortavam as pontas dos dedos uns dos outros e seus pés se encontravam; e por causa do sangue escorregadio abaixo de seus pés, eles continuavam tombando, e suas cabeças eram cortadas fora enquanto eles se chocavam. Uma sangrenta, feridora, trapaceira, sanguinária batalha estava começada, e os bastões de lanças estavam avermelhados nas mãos de inimigos.

Então Nuadu Mão-de-Prata e Macha a filha de Ernmas cairam pelas mãos de Balor neto de Net. Casmael caiu pelas mãos de Ochtriallach filho de Indech. Lug e Balor do olho perfurante se encontraram na batalha. O segundo possuia um olho destrutivo que nunca abria exceto no campo de batalha. Quatro homens levantavam a pálpebra do olho com uma polida argola em sua pálpebra. A hoste que olhava no olho, mesmo se fossem milhares em número, não ofereciam resistência para os guerreiros. Ele possuia um poder venenoso por essa razão: uma vez seu pai druida estava misturando uma mágia. Ele chegou e olhou pela janela, e a fumaça da mistura afetou o olho e o poder venenoso da mistura ficou nele. Então ele e Lug se encontraram.

"Eleve minha pálpebra, jovem," disse Balor, "então poderei ver o companheiro tagarela com quem converso."

A pálpebra estava saliente no olho de Balor. Então Lug arremessou uma pedra numa funda que levou o olho através de sua cabeça, e ele passou a olhar para sua própria tropa. Ele atacou no topo da hoste Fomoriana de forma que vinte e sete deles morreram ao seus lado; e a coroa de sua cabeça bateu contra o peito de Indech mac De Domnann so de forma que um jorro de sangue irrompeu de seus lábios.

"Deixe que Loch Lethglas ["Meio-Verde"], meu bardo, esteja comigo," disse Indech. (Ele era meio-verde desde o chão até a coroa de sua cabeça.) Ele veio a ele. "Descubra para mim," disse Indech, "quem fez esse arremesso contra mim.".

Então Lug disse essas palavras em resposta a ele, "O homem que arremessou não tem medo de você”.


Então Morrigan a filha de Ernmas chegou, e ela estava fortalecendo os Tuatha De para batalhar resoluta e ferozmente.
Imediatamente depois a batalha se interrompeu, e os Fomorianos se dirigiram para o mar. O campeão Ogma filho de Elatha e Indech mac De Domnann caíram em um combate único.

Loch Lethglas implorou misericórdia a Lug. "Conceda meus três pedidos," disse Lug.

"Você os terá," disse Loch. "Eu removerei a necessidade de guardar a Irlanda dos Fomorianos para sempre; e qualquer julgamento de sua língua será ouvido em qualquer caso dificil, e este resolverá o negócio até o fim da vida."

Assim Loch foi poupado. Então ele cantou "O Decreto de fixação" aos Celtas. Então Loch disse que daria autoridade para Lug sob nove carros porque ele era misericordioso. Então Lug disse que precisaria dos nomes delas. Loch respondeu e disse, "Luachta, Anagat, Achad, Feochair, Fer, Golla, Fosad, Craeb, Carpat."

"Uma pergunta então: quais os nomes dos cocheiros que estão nelas?"

"Medol, Medon, Moth, Mothach, Foimtinne, Tenda, Tres, Morb."

"Quais são os nomes dos aguilhões que estão em suas mãos?"

"Fes, Res, Roches, Anagar, Each, Canna, Riadha, Buaid."

"Quais são os nomes dos cavalos?"

"Can, Doriadha, Romuir, Laisad, Fer Forsaid, Sroban, Airchedal, Ruagar, Ilann, Allriadha, Rocedal."

"Uma pergunta: qual é o número de mortos?" Lug disse a Loch.

"Eu não sei o número de camponeses e da multidão. Mas o número de lordes Fomorianos e nobres e campeões e grandes reis, eu sei: 3 + 3 x 20 + 50 x 100 homens + 20 x 100 + 3 x 50 + 9 x 5 + 4 x 20 x 1000 + 8 + 8 x 20 + 7 + 4 x 20 + 6 + 4 x 20 + 5 + 8 x 20 + 2 + 40, incluindo o neto de Net com 90 homens. Este é o número dos mortos dos grandes reis Fomorianos e de altos nobres que caira na batalha.

"Mas com respeito ao número de camponeses e pessoas comuns e da multidão e pessoas de todas as artes que chegarm na companhia das hostes – cada guerreiro e cada alto nobre e cada grande rei dos Fomorianos vieram a batalha com seus seguidores pessoais, de forma que todos caíram aqui, juntos seus homens livres e seus servos escravos – eu levo em conta apenas um pouco dos servos dos grandes reis. Este portanto é o número de quantos eu contei enquanto os via: 7 + 7 x 20 x 20 x 100 x 100 + 90 incluindo Sab Uanchennach filho de Coirpre Colc, o filho de um servo de Indech mac De Domnann (isto é, o filho de um servo do Rei dos Fomorianos).

"Quanto aos homens que lutaram em pares e os lanceiros, guerreiros que não chegam ao coração da batalha que também caíram aqui – até as estrelas do céu podem ser contadas, e as areias da praia, e os flocos de neve, e as gotas de orvalho na planície, e as pedras de granizo, e a grama sob os pés dos cavalos, e as ondas de Manannan filho Lir no mar tempestuoso – eles não podem ser contados de maneira alguma."

Imediatamente depois eles encontraram uma oportunidade para matar Bres mac Elathan. Ele disse, "É melhor me poupar do que me matar."

"O que então se sucederia disso?" disse Lug.

"As vacas da Irlanda sempre darão leite," disse Bres, "se eu for poupado."

"Eu direi isso a nossos homens sábios," disse Lug.

Então Lug foi ter com Maeltne Morbrethach e disse a ele, "Se Bres for poupado como dádiva as vacas da Irlanda para sempre darão leite?"

"Ele não deve ser poupado," disse Maeltne. "Ele não tem poder sobre a geração das vacas e sua cria, mesmo se ele controlar seu leite enquanto elas estiverem vivas."

Lug disse a Bres, "Isso não o salvará; você não tem poder sobre a geração das vacas ou sua cria, mesmo que você controle seu leite."

Bres disse, "Maeltne tem dado alarmes amargos!"

"Há mais alguma coisa que pode salvá-lo, Bres?" disse Lug.

"Existe deveras. Diga a seu jurista que eles conseguirão uma colheita a cada quarto em recompensa por me pouparem."

Lug disse a Maeltne, "Bres será poupado por dar aos homens da Irlanda uma colheita de grão todos os quartos?"

"A isso nos temos adaptado," said Maeltne. "primavera para arar a terra e semear, e o começo do verão para amadurecer a dureza do grão, e o começo do outono para o completo amadurecimento do grão, e para colhe-lo. O inverno para consumi-lo."

"Isto não salvará você," disse Lug a Bres. 

"Maeltne tem dado alarmes amargos," disse he.

"Menos poderá salvá-lo," disse Lug.

"O que?" perguntou Bres.

"De que forma os homens da Irlanda ararão a terra? De que forma semearão? De que forma colherão? Se você tornar públicas essas coisas, você será salvo."

"Diga a eles, na terça-feira ararão a terra; na terça-feira semearão no campo; e na terça-feira colherão."

Assim através desse artifício Bres foi salvo.

Ora, na batalha Ogma o campeão encontrou Orna, a espada de Tethra, rei dos Fomorianos. Ogma desembainhou a espada e a limpou. Então a espada contou porque havia se comportado desse modo, porque este era um hábito das espadas nessa época para contar suas façanhas quando estavam desembainhadas. E por esta razão as espadas tinham direito a dádiva de serem limpas quando eram desembainhadas. Além disso feitiços eram colocados em espadas naquele tempo. Ora a razão pela qual demônios costumavam falar de armas era que as armas eram louvadas pelos homens e eram motivo de confiança naquele tempo.

Então Lug e o Dagda e Ogma perseguiram os Fomorianos, porque eles haviam pegado a harpa de Dagda, Uaithne. Finalmente eles alcançaram o salão de banquete onde Bres mac Elathan e Elatha mac Delbaith estavam. A harpa estava na parede. Esta era a harpa que o Dagda havia impedido de tocar melodias de forma que eles não fizeram som até que ele a chamou, dizendo:

"Venha Daur Da Blao,
Venha Coir Cetharchair,
Venha verão, venha inverno,
Bocas de harpas e foles e gaitas!"

(Ora, aquela harpa tinha dois nomes, Daur Da Blao e Coir Cetharchair.)

Então a harpa veio, e ela matou nove homens e voltou ao Dagda; e ele tocou para eles as três coisas pelas quais a harpa era conhecida: música calma, música alegre, e música triste. Ele tocou uma música triste para eles de modo que suas mulheres, chorosas, verteram lágrimas. Ele tocou uma música alegre para eles de forma que suas mulheres e rapazes riram. Ele tocou uma música calma para eles de forma que as hostes dormiram. Então os três escaparam deles ilesos – embora tivessem procurado matá-los.

O Dagda trouxe com ele o gado pego pelos Fomorianos através do mugido da novilha que lhe foi dada por seu trabalho; porque quando ela chamava por seu filhote, o gado da Irlanda que os Fomorianos haviam pego como seu tributo começava a pastorear.

Então depois que a batalha estava ganha e o massacre havia sido limpado, a Morrigan, a filha de Ernmas, prosseguiu para anunciar a batalha e a grande vitória que havia ocorrido ali para os níveis reais da Irlanda e para suas hostes do Sid, e para as importantes águas e suas nascentes dos rios. E por tal razão Badb ainda relata grandes feitos. "Alguma notícia" todos então perguntaram à ela.

"Paz até o Céu.
Céu realista.
Terra abaixo do Céu,
Força em cada um,
Uma taça muito cheia,
Cheia de mel;
Hidromel em abundância.
Verão no inverno. . . .
Paz até o Céu . . ."

Ela também, profetizou o fim do mundo, prevendo cada mal que ocorrerá então, e cada doença e cada vingança; e ela cantou o seguinte poema:

"Eu não posso ver um mundo
que seja caro para mim:
Verão sem flores,
Gado sem leite,
Mulheres sem modéstia,
Homens sem coragem.
Conquistas sem um rei.
Florestas sem mastros.
Mar sem produção.
Falsos julgamentos de homens velhos.
Falsos precedentes de advogados,
Cada homem um traidor.
Cada filho um recuperador.
O filho irá para a cama do pai,
O pai irá para a cama do filho.
Cada irmão é um cunhado.
Ele não procurará mulher fora de casa.
Um tempo perverso,
O filho enganará o pai,
A filha enganará a mãe."


Traduzido para o português por Lucas Rafael Ferraz, a partir da tradução para o inglês de Elizabeth A. Gray













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