Envolve a Natureza, N’ess’hora de tristeza, De dor e de pesar. Minh’alma, rindo, pensa Que a sombra é um grande véu Que a Virgem traz do Céu
Eu junto as mãos, serena, A murmurar contrita, A saudação bendita Do Anjo do Senhor; Enquanto a lua plena No azul, formosa e casta, Um longo manto arrasta De lúrido esplendor.
Minhas saudades todas Se vão mudando em astros... A mágoa vai de rastros Morrer na escuridão... As amarguras doidas Fogem como um lamento Longe do Pensamento, Longe do Coração.
E a noite desce, desce Como um sorriso doce, Que em sonhos desfolhou-se Na voz cheia de amor, Da mãe que ensina a Prece Ao filho pequenino, De olhar meigo e divino E lábio aberto em flor.
Ah! como a Noite encanta! Parece um Santuário, Com o lindo lampadário De estrelas que ela tem! Recorda-me a luz santa, Imaculada e pura, Da grande noite escura Do olhar de minha mãe!
Ó noite embalsamada De castas ambrosias... No mar das harmonias Meu ser deixa boiar. Afasta, ó noite amada, A dúvida e o receio, Embala-me no seio E deixa-me sonhar!
Auta de Souza
Música: If
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