Foi há alguns anos.
A ex-governadora do estado do Texas assistiu à mãe doente até o seu estágio terminal, acompanhando-a dia a dia, observando como a doença ia minando as forças físicas e preparando aquele corpo para a morte.
Ann Richards viu a drástica mudança que sua mãe sofreu.
Sua mãe era uma mulher que passou a vida inteira obcecada por cristais lapidados, baixelas de prata, toalhas de renda, porcelanas e joias. E colecionava com extremo cuidado.
À medida que a doença foi destruindo o seu vigor físico e falando-lhe que a morte se aproximava, tudo aquilo deixou de ser importante. Para ela só importavam agora as visitas, a família e os amigos.
A mudança foi radical.
Depois da morte da mãe, Ann Richards resolveu se livrar de todas as antiguidades que mais de uma vez tinham feito com que ela desse mais importância aos objetos do que às pessoas.
Montou um bazar na garagem. Ela mesma comentou que tinha uma quantidade enorme de antiguidades, que podia competir com Jaqueline Onassis. Num só dia, tudo foi embora. Vendido.
E a ex-governadora, conclui:
"Aprendi que, para dar valor ao presente, preciso me livrar daquilo que me detém. Hoje, não hesito diante de nada. Nada é mais importante na vida do que as pessoas. As coisas têm o valor que lhes damos. E o valor muda com o tempo e as convenções sociais."
Em tempos antigos, o sal era tão precioso que se pagavam trabalhadores com ele. De onde, inclusive, surgiu a palavra salário.
Depois, os homens foram convencionando, no transcorrer do tempo, a considerar este ou aquele metal mais precioso. De um modo geral, aquele mais raro naquele momento.
Hoje, a preocupação é ter carro do ano, tapetes importados, roupas de grife.
E existem pessoas que fazem coleções de objetos, livros, selos, perfumes. O importante é amontoar, ter bastante para mostrar com orgulho, como se fossem troféus conseguidos à custa de grandes esforços.
No entanto, quando uma enfermidade chega, quando a solidão machuca, nenhum objeto, por mais precioso, por mais que o prezemos, conseguirá espantar a doença, diminuir a solidão.
São as pessoas com seu carinho, sua ternura, sua amizade e afeição, que nos conferem forças para aguentar a dor e espantar a solidão.
São as pessoas que nos dão calor com seu aperto de mão, seu abraço, sua presença, seu olhar, seu sorriso...
São as pessoas que fazem a grande diferença em nossas vidas.
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