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sexta-feira, 15 de agosto de 2014

A Ecologia Universal


Tornou-se Imperativo Pensar Cosmicamente,
Em Nosso Sistema Solar, na Galáxia, no Universo
No dia 15 de fevereiro de 2013 cerca de 100 habitantes da região dos Montes Urais, na Rússia, ficaram feridos devido à quebra de vidraças provocada por uma onda de choque. Tal onda, que causou pânico, foi provocada pela entrada de um pequeno meteoro na atmosfera da Terra. Testemunhas avistaram uma bola de fogo no céu, seguida de um flash e de uma grande explosão. Os edifícios balançaram, foram afetados 10 mil prédios na região e destruídos 100 mil metros quadrados de vidraças.

O episódio é mínimo, quando comparado com catástrofes decorrentes de outras colisões de meteoritos e corpos celestes com a Terra, que chegaram a modificar o curso da evolução no planeta, com o colapso de formas de vida que não resistiram às mudanças ambientais e climáticas então provocadas. O fim dos dinossauros, há 65 milhões de anos, por exemplo, pode ter sido causado pelo choque de um corpo celeste que provocou alterações climáticas e ambientais e inviabilizou a alimentação e o habitat para aqueles grandes animais.

É uma área de interesse da ciência a caça aos corpos celestes, para classificá-los e identificá-los com a finalidade de mapear suas rotas e detectar com antecedência aqueles que apresentam riscos de colisões. Essa área de pesquisa se desenvolve na medida em que se percebem os riscos que tais colisões oferecem à segurança integral da Terra.

As concepções científicas sobre o universo e sua história evoluíram muito desde que, com a ajuda de sua luneta, Galileu revelou uma nova cosmovisão. Os recentes avanços da astrofísica e a melhor compreensão do universo, alcançados com o uso de instrumentos e tecnologias, tais como o radiotelescópio Hubble, expandiram o entendimento das influências da cosmosfera sobre a vida na Terra.

Figura 1: A Nebulosa da águia mostrada na imagem do
telescópio Hubble, "Pilares da Criação". Fonte: Wikipedia

Ecologia cósmica é definida no Dicionário Aurélio como o ramo da biologia que estuda as inter-relações dos seres vivos entre si e com o meio ambiente cósmico. Nessa escala, a Terra é um pequeno ponto com vida no deserto dos espaços siderais interplanetários: um lugar com solo fértil, vegetação, vida animal e água. É como que um oásis, um lugar em que há água e no qual as caravanas param para descansar e se reabastecer antes de prosseguir viagem.

Além de meteoros pedregosos, outros elementos do espaço também chegaram à Terra. Entre eles, a água é dos mais importantes. Alguns astrônomos adotam a hipótese da panspermia e supõem que as águas existentes na Terra vieram do cinturão de Kuiper, um conjunto de cometas existente além da órbita de Netuno; outros especulam que ela resultou do choque de corpos celestes gelados provenientes do cinturão de asteroides situado entre as órbitas de Marte e de Júpiter. Nessa concepção, o espermatozoide cósmico (um cometa ou asteroide) penetra no fértil óvulo feminino da Terra e a fecunda com a água portadora das condições de gerar a vida.

Figura 2: imagem esquemática do
cinturão de asteroides. Fonte: Wikipedia

A ciência moderna aprofunda o conhecimento de como o cosmos influi sobre o planeta que habitamos. O Sol é uma estrela de quinta grandeza, cuja luz o energiza. Radiações e explosões solares incidem sobre a Terra, protegida por uma espécie de escudo magnético. Também a lua é outro corpo celeste que influi sobre as marés, os líquidos, a seiva das árvores, os humores e ciclos humanos.

Figura 3: As marés, influenciadas pelos campos
gravitacionais da lua e do sol. Fonte: Wikipedia

Desde a antiguidade, outras formas de saber tradicional também focalizaram as influências do cosmos sobre a terra: tradições espirituais produziram imagens para explicar o universo e os eventos que ocorriam nos céus. Assim, por exemplo, a Terra, diminuta, é um grão de areia nas margens de um mar infinito, disse Helena Blavatsky, fundadora da Teosofia; o big bang da ciência moderna corresponderia, na mitologia hindu, a um momento do respirar do Deus Brahma, ocorrido há quatro bilhões de anos; Pentecostes é uma celebração cristã que comemora a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos de Cristo: as imagens de línguas de fogo descendo dos céus se assemelham às imagens filmadas dos asteroides ao entrarem na atmosfera.

Figura 4: Pentecostes, miniatura, 1200 d.C.
O Espírito Santo e as línguas de fogo. Fonte: Wikipedia

Figura 5: As camadas mais altas da atmosfera terrestre
estão no limite com a exosfera ou cosmosfera. Fonte: Wikipedia

O conhecimento tradicional da popular astrologia trabalha com as influências dos astros sobre a Terra, os seres vivos e o destino humano. Ela faz uso de conhecimentos da astronomia, da psicologia e de tradições espirituais. Na Índia, é largamente usada para dar referências sobre datas auspiciosas para casamentos, realização de negócios, tomadas de decisões.

Da mesma maneira, obras de ficção na literatura e no cinema exploram com desenvoltura a escala cósmica. Num filme de ficção intitulado “Meteoro”,  as potências nucleares colocam sua tecnologia voltada para esforço comum: apontam seus mísseis contra um corpo celeste que se aproxima perigosamente da Terra e o estilhaçam no espaço. Evitam, assim, uma catástrofe semelhante às que já ocorreram no passado e salvam vidas no planeta. Sugere-se, então, que a tecnologia nuclear e a ciência espacial sejam usadas para a paz e o bem-estar humanos e não apenas para fins militares ou de dominação. Em outros filmes, como “Melancolia”, de Lars Von Trier, ao final a Terra se choca com um corpo celeste gigante. Com humor, Millôr Fernandes definiu que “A vida são tijolos passando; um dia, um te acerta.” Na escala da Terra, os asteroides são tijolos passando; de vez em quando, um deles acerta a Terra.

“Pensar globalmente e agir localmente” foi por décadas um lema ambientalista. Mas, atualmente, o próprio lema se mostra pequeno, pois pensar globalmente é focar no globo terrestre. Na escala cósmica, a ação local é a que atua sobre o planeta. Tornou-se imperativo pensar cosmicamente, no sistema solar, na galáxia, no universo. A ecologia universal emoldura a consciência ecológica num quadro amplo, que expande a escala de tempo e de espaço. O homo cosmicus emerge da percepção dessa realidade maior.

Maurício Andrés Ribeiro
Maurício Andrés Ribeiro é autor dos livros “Ecologizar” e “Tesouros da Índia”. Veja o website www.ecologizar.com.br
Fonte:







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